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BC deixa claro que prefere medidas de restrição ao crédito a elevar juros

O Banco Central (BC) vai usar novas medidas macroprudenciais — como as adotadas em dezembro, para encarecer o crédito — e não uma dose maior que a programada de juros para segurar a inflação. Esse foi o principal recado da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada ontem. Ela reforçou a ideia de que o BC não vai acelerar o movimento de alta da Selic, como defende parte do mercado. Por isso, foram refeitas as apostas de que haverá apenas mais um ou, no máximo, dois aumentos da taxa de juros este ano.


Na semana passada, o Copom elevou a Selic em meio ponto percentual, como em janeiro, para 11,75% ao ano. Alguns analistas esperavam alta de 0,75 ponto, devido à piora nas expectativas de inflação. Mas o BC entende que o aperto monetário começou no primeiro semestre de 2010 e seu impacto ainda não foi totalmente sentido.


Entre abril e julho de 2010, o Copom elevou a Selic em dois pontos percentuais. Os efeitos de uma alta demoram até nove meses para serem completamente absorvidos pela economia. Em dezembro, o BC encareceu o financiamento de longo prazo para a compra de bens duráveis. Isso, segundo contas do mercado, equivaleu a uma alta de 0,75 ponto percentual da Selic, com efeitos em prazo menor.


Com o aumento da Selic este ano, o aperto monetário equivaleria a uma alta de 3,75 pontos percentuais da taxa em menos de 12 meses.


Na ata, o BC deixou claro considerar relevante o uso, contra a inflação, de medidas que tornam os recursos mais escassos e elevam o custo do crédito. “A eventual introdução de ações macroprudenciais pode ensejar oportunidades para que a estratégia de política monetária seja reavaliada”.


— As medidas são mais localizadas, com efeito no processo (de controle da inflação). Aumentar a Selic afeta toda a economia — disse o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, que só espera mais uma alta, de meio ponto, na próxima reunião do Copom, em abril.


Banco Central projeta inflação menor em 2012


O BC também deixou claro que a inflação continua pressionada pelos preços dos alimentos e pelo ritmo da atividade econômica. Mas entende que o ritmo da economia já começa a diminuir. Sua sinalização mais significativa, porém, foi a de que a inflação brasileira este ano terá “dois momentos”.


O primeiro, ainda com pressão de alta, durará até o terceiro trimestre, com o IPCA na casa dos 6% anuais. No quarto trimestre, projeta o BC, a inflação voltará a convergir para o centro da meta — de 4,5%, para 2011 e 2012. O BC tem tanta confiança nesse cenário que já alterou as suas projeções para a inflação. Para este ano, elas foram mantidas, mas, para 2012, pela primeira vez houve queda.


O cenário de alta da cotação internacional do petróleo ainda é visto como volátil, por isso as projeções para os preços de gasolina e gás de botijão ficaram estáveis para 2011. Mas o BC estima que a alta dessa commodity terá reflexo na inflação por outros caminhos, como a indústria do plástico.


O BC ainda informou que o Índice de Commodities Brasil (ICBr) avançou 4,73% em fevereiro. No ano, acumula 8,97%.