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Brasil é autossuficiente, mas quanto falta para virar gigante do petróleo?
O Brasil é considerado autossuficiente em petróleo desde 2015, quando o país passou a produzir mais do que consome o recurso. De acordo com dados do governo, o Brasil fabrica mais de três milhões de barris por dia do chamado "ouro negro".
Apesar de impressionante, o número é menos de um quinto da produção dos Estados Unidos, maior produtor de petróleo do mundo. O país também fica atrás de Arábia Saudita e Rússia, que completam as três primeiras posições, com mais de 10 milhões de barris por dia.
No ranking mundial, o Brasil está em nono lugar entre os maiores produtores do "ouro negro". Os dados são de julho de 2021 e foram compilados pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Confira as dez primeiras posições: 1º - Estados Unidos - 16,476 milhões de barris por dia (MMbbl/d) 2º - Arábia Saudita - 11,039 milhões de barris por dia 3º - Rússia - 10,667 milhões de barris por dia 4º - Canadá - 5,135 milhões de barris por dia 5º - Iraque - 4,114 milhões de barris por dia 6º - China - 3,901 milhões de barris por dia 7º - Emirados Árabes Unidos - 3,657 milhões de barris por dia 8º - Irã - 3,084 milhões de barris por dia 9º - Brasil - 3,026 milhões de barris por dia 10º - Kuwait - 2,686 milhões de barris por dia
No mundo todo, são produzidos um total de 88,4 milhões de barris de petróleo por dia.
Isto significa que o Brasil é atualmente responsável por apenas 3.
Estados Unidos (19%), Rússia (12%) e Arábia Saudita (12%) e Canadá (6%) são responsáveis por quase metade de todo "ouro negro" produzido no mundo.
A expectativa é que o Brasil tenha um crescimento de 10% na produção de petróleo neste ano.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, devido a uma alta demanda do mercado e pedidos por maior produção por parte de outras nações, como os Estados Unidos, e à guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Se a produção do Brasil aumentar em 300 mil barris por dia, o país chegará a 3,3 milhões de barris por dia e pode ultrapassar o Irã em produção, aproximando-se da 7ª posição, hoje ocupada pelos Emirados Árabes.
Por que o Brasil importa combustíveis se é autossuficiente em petróleo?
Apesar de ser considerado autossuficiente em petróleo, o Brasil compra do exterior derivados do recurso natural, por conta das características do produto que é extraído no país e da estrutura das nossas refinarias.
Boa parte das nossas refinarias foi construída na década de 1970, quando o petróleo do tipo leve era importado.
Com a descoberta e a extração do recurso na Bacia de Campos, as refinarias se adaptaram para refinar o produto brasileiro, que era do tipo pesado.
Mais recentemente, com a extração no pré-sal, o Brasil passou a obter um petróleo do tipo médio. Sem maquinário específico nas refinarias para esse tipo de combustível, ele passou a ser exportado.
O país acaba importando derivados do petróleo para compor um "blend" —uma mistura de petróleo brasileiro com outros tipos e que possibilita o refino aqui.
Como é a política de preços nos países? No Brasil, os preços do petróleo e seus derivados seguem a cotação em dólar.
Essa política é chamada de preço de paridade internacional (PPI) e foi implementada em 2016, durante o governo de Michel Temer. Os reajustes não têm prazo fixo para acontecer.
Desde então, a gasolina e o óleo diesel tiveram reajuste de 157%, ante uma inflação de 31,5% no período, de acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Situação semelhante aconteceu nos Emirados Árabes Unidos. Até 2015, as estatais tinham que arcar com a diferença do preço de importação e o preço praticado no mercado interno. Daquele ano em diante, os valores passaram a acompanhar a cotação internacional e os reajustes são mensais.
A China adota política similar desde 2013, reajustando o preço da gasolina a cada 10 dias úteis conforme a flutuação do mercado internacional.
Iraque e Arábia Saudita também estão na lista de países que estão cortando os subsídios governamentais dos combustíveis fósseis e adotando paridade com o preço internacional.
Porém, esses países estão na lista da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) dos que mais deram subsídios para o consumo de combustíveis fósseis em 2020.
O governo da China gastou mais de US$ 21,7 bilhões (1º lugar) em subsídios aos derivados de petróleo, sendo seguida pela Índia (2º lugar) e Arábia Saudita (3º lugar). O Iraque aparece em décimo na lista.
Do lado de quem subsidia a gasolina, também está o Irã. O país é sétimo na lista da IEA e tem um dos combustíveis mais baratos do mundo. O litro da gasolina custa US$ 0,051 (ou R$ 0,253), de acordo com o Global Petrol Prices, organização que monitora preços dos combustíveis fósseis em todo o mundo. Para ler esta notícia, clique aqui.
Autor/Veículo: UOL