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Etanol sobe quase 96% em nove meses

Nos postos de combustíveis do Paraná e do País, o etanol se tornou o vilão dos consumidores. E com razão. Dados oficiais do Centro de Estudos Avançados em Economia (Cepea) apontam que o álcool hidratado (utilizado para o abastecimento) teve um aumento de 95,93% entre junho de 2010 até março deste ano para o distribuidor no Brasil, o que acaba refletindo diretamente no bolso de quem consome o combustível. Em Londrina, após o aumento médio de 5,5% da semana passada, o etanol voltou a encarecer. O preço já saltou em alguns estabelecimentos de R$ 2,09 para R$ 2,26, o que representa um novo acréscimo, agora de 8,6%.

O problema é tão grave que o governo federal negocia com as usinas a antecipação da colheita da safra, prevista para começar em meados de abril. Além disso, a ANP se reúne hoje com representantes do setor sucroalcooleiro para discutir a situação dos estoques de etanol até o final da entressafra. O temor é que falte o produto entre março e abril.

Segundo Roberto Fregonese, presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis- PR), nas últimas três semanas o etanol subiu cerca de 15% no Paraná. Ele relata que os preços continuam aumentando porque não há álcool disponível no mercado devido ao atraso na colheita da cana-de-açúcar. "Os preços estão proibitivos. O etanol já está custando para as distribuidoras R$ 2,09 por litro e os postos estão recebendo o combustível a R$ 2,13. Enquando não colher a safra, o produto vai continuar com preço, mas sem mercado, que hoje abrange apenas 10%", afirma.

Fregonense ressalta que enquanto a safra não for colhida, não há o que fazer para que os preços abaixem. "Comprando a R$ 2,13, deve somar ainda o transporte e a margem de lucro do revendedor. Além disso, a carga de tributação do Paraná é elevada", ressalta o presidente do Sindicombustíveis.

Ele comenta que no ano passado, durante o governo Lula, a taxa de álcool anidro utilizado na gasolina diminuiu devido uma exigência governamental, o que acabou aumentando a oferta no mercado e, conquentemente, os preços caíram na bomba. "Nós sugerimos isso este ano, mas o governo demorou muito para fazer, o ideal seria em janeiro. Essa ação poderia ter atenuado um pouco os preços agora", avalia Roberto.

Alcopar

Informações da Associação de Produtos de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar) apontam que 14 das 30 usinas do Estado já estão produzindo etanol a partir deste mês. José Adriano da Silva Dias, superintendente da entidade, comenta que neste ano a colheita teve um atraso de 30 dias devido ao deficit de chuvas em 2010. "Entretanto, agora o excesso de chuva estava atrapalhando na colheita. A colheita está oscilando, o problema é que quando chove, são pelos menos dois dias para retomá-la. Como resultado, temos essa elevação dos preços."

Adriano lembra que em fevereiro havia nas usinas quase dois bilhões de litros de etanol hidratado, volume mais do que suficiente para atender todo o mercado na entressafra. Entretando, o atraso da colheita da cana foi diminuindo todo esse volume. "Temos 14 usinas produzindo álcool em março, 14 devem voltar em abril e mais duas no mês de maio. Se os números seguirem o que ocorreu no ano passado, os preços podem cair", avalia.

A estimativa é que a produção de etanol fique em torno de 1,7 bilhão de litros no Paraná para uma safra estimada em torno de 47 milhões de toneladas de cana. Em açúcar, a previsão é de 3,4 milhões de toneladas. "A única coisa a fazer agora é esperar a produção. Só se consegue preços se tivermos oferta", conclui o superintendente da Alcopar.

Folha de Londrina