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Incentivos ao etanol são insuficientes

A maior disponibilidade de crédito e uma linha exclusiva de financiamento, ambos garantidos no Plano Agrícola 2011/2012, não devem resultar em um aumento na oferta de açúcar e etanol no curto prazo. O novo Plano Safra prevê financiamento de até R$ 1 milhão pelo crédito rural para implantação ou renovação de canaviais, com prazo de pagamento de cinco anos, incluídos até 18 meses de carência, mas segundo o analista da Safras & Mercado Maurício Muruci, mesmo que esses recursos sejam rapidamente aplicados no aumento da área plantada, essa cana-de-açúcar nova irá demorar cerca de um ano e meio para entrar em fase de maturação, sendo sua colheita potencializada apenas na safra 2013/2014.

O especialista em mercado de etanol, açúcar e biodiesel alerta ainda para a necessidade de usar parte dos recursos para a renovação dos canaviais. Segundo ele, o ideal é que a cana seja utilizada até o sexto corte e depois descartada devido a retração em sua produtividade. "Hoje a maior parte da cana no Brasil já está no décimo segundo corte", diz. "Grande parte do canavial brasileiro deve ser ampliado e renovado", completa Muruci. Ele lembra ainda que cerca de dois terços do que foi renovado na safra passada foi perdido na estiagem.

A criação de uma linha de financiamento exclusivamente focada na expansão da lavoura de cana visa melhorar a relação de oferta e demanda cujo desequilíbrio resulta em preços recordes do etanol. O preço do litro do álcool anidro no pico da última entressafra chegou a R$ 3 (no dia 20 de abril, em Ribeirão Preto, SP). Com demanda crescente, a expectativa é de que esse valor seja rompido novamente logo no início da entressafra (o emplacamento de veículos flex, um dos indicadores, aumentou 5,06% no acumulado do ano até maio, segundo a Fenabrave).

Apesar de a demanda seguir em linha ascendente, o coordenador de análise econômica do Mapa, Wilson de Araújo, se mostra mais otimista com os resultados da nova linha de financiamento disponibilizada para a safra 2011/2012. "Esperamos que já no segundo ano dessa linha de crédito a oferta de etanol seja ampliada", diz, ao garantir que essa linha estará disponível por pelo menos cinco anos.

Mesmo apontando um crescimento na oferta de etanol, Araújo afirma que outros fatores, como o clima, impedem um diagnóstico mais preciso quanto ao equilíbrio em relação à demanda.