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Julgamento de militares é novamente adiado em Cuiabá

Mais uma vez a Justiça adiou o julgamento dos cinco oficiais acusados de integrarem o esquema que ficou conhecido em Mato Grosso como a “Máfia dos Combustíveis”. Marcado para ontem à tarde, o julgamento teve de ser transferido para a manhã da próxima segunda-feira porque um dos réus, o sargento Marcelo do Rosário Ferreira Martins, não foi devidamente intimado.

Na tarde de ontem, o promotor Marcos Bulhões e a defesa dos tenentes-coronéis César Ribeiro de Assis, Gilmar Campos da Silva e José Rondon de Figueiredo pediram o desmembramento do processo para agilizar o julgamento – o esquema teria ocorrido em 2001 e a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) é de 2004. O advogado dos tenentes-coronéis, Paulo Fabrinny Medeiros, chegou a argumentar, por exemplo, que a morosidade do processo estava prejudicando seus clientes, que por sete anos ficaram impedidos de receber qualquer promoção em suas carreiras. O desmembramento não foi deferido pela Justiça.

Além do sargento e dos três tenentes-coronéis, figura como réu no processo o capitão Wendel Soares Sodré. Todos são acusados de corrupção passiva e supressão de documentos. Outros crimes atribuídos pelo MPE a eles, que em tese estariam já prescritos, são os de ameaça e prevaricação.

A “Máfia dos Combustíveis”, segundo o MPE, era uma quadrilha montada por policiais, civis, proprietários de transportadoras, de distribuidoras de combustíveis e até um funcionário da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que promoviam a entrada em Mato Grosso de combustíveis irregulares, roubados ou adulterados e sem nota fiscal. Oriundos da Bolívia, os combustíveis entravam graças às vistas grossas dadas pelos agentes na barreira do “Limão”, na divisa, em Cáceres (a 215 Km de Cuiabá).

A operação “Tentáculo” da Polícia Federal, em novembro de 2001, encarregou-se de prender os envolvidos e desarticular o esquema, que teria durado cerca de um ano. Denúncias e gravações telefônicas foram utilizados na investigação que, após encerrada, provocou abertura de processos administrativos da Polícia Militar contra os envolvidos. Cerca de R$ 20 milhões teriam sido movimentados pela quadrilha; aos policiais de alto escalão envolvidos, as propinas seriam de R$ 10 mil mensais. O MPE afirma que não resta dúvida sobre a materialidade dos delitos sobre a autoria.
Diário de Cuiabá