
Notícias
Por
em
Montadoras perderam no trimestre ganho de 3 anos
A indústria de veículos praticamente perdeu nos três primeiros meses de 2012 o crescimento acumulado de 2008 a 2011, segundo levantamento exclusivo feito pela Fundação Getulio Vargas, a pedido da Agência Estado. A produção de veículos saiu de uma expansão de 11,5% em 2011, na comparação com 2008, para uma queda de 11% apenas no primeiro trimestre de 2012, também na comparação com 2008.
"Chama a atenção a mudança de posição relativa da indústria de veículos, refletindo os efeitos do processo de normalização dos estoques excessivos de automóveis e de quedas acentuadas na produção de caminhões", avaliaram os economistas Silvio Sales e Aloisio Campelo, autores do estudo.
No primeiro trimestre, a taxa de produção da indústria em geral, na comparação com 2008, ano anterior à crise internacional, foi praticamente nula, de 0,3%, segundo o estudo. O resultado sinaliza a estagnação da atividade como um todo. Entretanto, os pesquisadores acreditam que a queda drástica verificada no setor de veículos possa ser pontual, e que haja alguma recuperação no horizonte, sobretudo após as recentes medidas tomadas pelo governo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou no último dia 21 um pacote para reaquecer o consumo, beneficiando, sobretudo, o setor de veículos. Com o objetivo de reduzir o estoque das montadoras, o governo zerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis populares. Como contrapartida, as montadoras se comprometeram a reduzir os preços e evitar demissões.
Além disso, a equipe econômica cortou os compulsórios dos bancos para aumentar os recursos para financiamentos, arrancando das instituições financeiras o compromisso de reduzir a entrada e os juros, além de aumentar o prazo de pagamento dos financiamentos. .
"A demanda reprimida ainda existe, segundo indicadores sobre o número de automóveis por habitante, que ainda é relativamente baixo. O problema é que a expansão no consumo vista em 2010 e 2011 foi muito em cima do crédito, que agora está num período de acomodação", avaliou Paulo Levy, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Apesar dos novos incentivos ao crédito, as famílias brasileiras continuam endividadas, em boa parte inadimplentes, e o comprometimento atual da renda impede a tomada de novos financiamentos. As novas medidas devem melhorar a situação dos estoques, mas a produção só deve ser retomada no segundo semestre, com o reaquecimento da economia. / D.A.
O Estado de S. Paulo