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Montadoras têm desaceleração nas vendas
Números preliminares de emplacamentos indicam que piorou o desempenho comercial das montadoras em fevereiro. Até terça-feira, o 12º dia útil do mês, os emplacamentos de automóveis e veículos comerciais leves somavam 135,5 mil unidades - uma média diária 11,3 mil unidades. No mesmo período do ano passado, os registros somaram 142,9 mil veículos, o que significou uma média diária de 11,9 mil.
"Não é uma queda tão expressiva. O preocupante é que os licenciamentos começaram muito bem, mas o ritmo caiu na segunda quinzena de janeiro e está se acentuando neste fevereiro", afirmou Rodrigo Nishida, analista da LCA.
No mês passado, as vendas de veículos novos apresentaram o melhor janeiro da série histórica, com 312,618 mil unidades, alta de 0,4% frente um ano antes. Quando se olha apenas para o segmento de automóveis e utilitários leves, as vendas avançaram 1%. O desempenho foi atípico, puxado pela corrida dos consumidores às lojas atrás dos últimos carros em estoque com alíquota menor do IPI.
A preocupação do setor com a mudança de rumo foi intensificada ontem, depois de notícias de que montadoras estão realizando suspensões temporárias do contrato de trabalho (layoffs). A PSA Peugeot Citroën suspendeu por cinco meses o contrato de 700 funcionários, responsáveis por um dos turnos da unidade no município de Porto Real, no sul fluminense. Já Volkswagen deve realizar a suspensão do contrato de trabalho de 300 funcionários por até três meses na fábrica da em São José dos Pinhais, no Paraná.
Segundo Nishida, a Peugeot é muito exposta às exportações e sua medida se deve aos impactos das restrições argentinas às importações de veículos brasileiros. O anúncio da Volks, no entanto, seria uma questão mais pontual, relacionada à interrupção da produção do Gol G4 e da Kombi. Em comunicado, a Volks atribui a medida à fraqueza das vendas, informando que passa por um período de transição, "com paradas técnicas em função da baixa demanda de mercado".
Contatadas pelo Valor, General Motors, Fiat e Ford informaram que os trabalhos em suas fábricas estão em situação normal, sem reduções. A Ford informou que iniciou contratações.
A situação de queda nas exportações, segundo analistas consultados pelo Valor, já era esperada. "Era possível antecipar esta situação, pois o grande impulso do setor no ano passado foram embarques para a Argentina. Era insustentável, um cenário de inflação em alta e pessoas comprando veículos para usar como reserva de valor", afirmou Nishida. No ano passado, as exportações totais do setor automotivo brasileiro (entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) somaram 563,3 mil unidades, 26,5% acima do resultado de 2012. Considerando-se somente os automóveis e comerciais leves a alta foi de 28,1%.
No fim do ano, no entanto, este quadro começou a se reverter. Em dezembro, as exportações de automóveis e comerciais leves caíram 5%, ante o mesmo mês de 2012. Em janeiro, o recuo chegou a 29,7%. Segundo afirmou o presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), grande parte dos resultados é efeito da queda das vendas à Argentina, que representa cerca de três quartos das exportações do setor. Na última divulgação de números, a entidade mostrou preocupação com a crise cambial e as medidas que limitam as licenças de importações do país vizinho.
Ainda é muito cedo para afirmar como será este ano para o setor, mas as previsões não indicam muito otimismo. Para Julian Semple, consultor da Carcon Automotive, as vendas não devem crescer ante 2013. "E a produção deve crescer menos", afirma o especialista. No ano passado, a produção de automóveis de passeio e veículos utilitários leves somou 3,51 milhões de unidades, alta de 8,6%. Os licenciamentos caíram 1,5%, para 3,57 milhões. Já para a LCA, os licenciamentos devem cair mais 2,5% em 2014, enquanto a produção apresentará declínio de 5%.Valor Econômico