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Resinas refletem alta do petróleo

As incertezas geradas pela crise política em alguns países produtores de petróleo e os efeitos sobre suas cotações, elevando o barril acima dos US$ 100 desde janeiro, têm estimulado a elevação nos preços das resinas plásticas no mercado brasileiro.


Dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) mostram que em janeiro foi verificada uma elevação de mais de 20% nos preços das principais resinas utilizadas no país, frente ao mesmo período do ano passado. O polietileno de baixa densidade (PEBD) - utilizado na fabricação de frascos para as indústrias de cosméticos, alimentos, entre outras aplicações - sofreu um avanço de 27,63%, atingindo a média de US$ 2.416 por tonelada no primeiro mês do ano.


Nos últimos meses, essa elevação tem se mostrado ainda mais acentuada. Segundo fontes do setor, a indústria que utiliza resinas como matéria-prima está pagando cerca 20% a mais do que pagava pelo produto em dezembro.


São alguns os fatores que explicam essa alta. Com o clima de incerteza de suprimento, diante da instabilidade dos governos produtores de petróleo, os grandes consumidores da commodity começaram a aumentar seus estoques, dando impulso à demanda no curto prazo.


"O impacto da elevação do petróleo sobre as resinas depende de algumas variáveis. A influência maior vem do equilíbrio entre a oferta e a demanda a nível global que, nos dois primeiros meses do ano, estava apertado, situação agravada pela demanda forte na Ásia", explica o diretor da consultoria especializada Maxiquim, Otávio Carvalho.


O Brent, de Londres, que alcançou o patamar de US$ 115,43 o barril no fechamento de ontem, avançou mais de 40% em doze meses. Com esse cenário, a nafta - derivado do petróleo utilizado para a fabricação das principais matérias-primas das resinas no Brasil - acaba sofrendo o impacto desse aumento. Séries históricas mostram que quando o preço do barril do petróleo sobe em US$ 1, o preço da tonelada da nafta avança US$ 9 no exterior.


No Brasil, fontes do mercado informam que o preço na nafta saiu de US$ 650 por tonelada no último trimestre do ano passado para atuais cerca de US$ 900 por tonelada. Mas vale lembrar que o repasse da elevação da nafta não ocorre de modo tão direto para o mercado brasileiro. Isso porque um acordo entre a Petrobras e a Braskem (a única consumidora de nafta no país) "amortece" esse efeito, incluindo em sua fórmula de preços a média móvel das cotações dos últimos três meses do produto no mercado internacional.


Outro fator que colabora para a pressão sobre os preços das resinas no país é a falta de competição no setor petroquímico. Segundo a Abiplast, a importação de resinas - que geralmente fica em 20% do consumido pela indústria - ficou mais difícil nos últimos meses. "Temos recebido informações de que o governo está segurando a entrada dos produtos, principalmente do polipropileno (PP) e do PVC", afirma o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho.


No exterior, o setor, além de mais competitivo, utiliza matérias-primas diferentes. Nos EUA, por exemplo, as fábricas têm a vantagem de utilizar mais o gás natural, ao invés do nafta, para a produção das resinas. Essa opção diminui, portanto, a pressão sobre a cadeia, já que o gás natural apresentou uma queda de 15% nos últimos doze meses.


No mercado internacional a evolução do setor de resinas tem sido um pouco diferente e pode evidenciar a possibilidade de os preços já terem alcançado seu pico. O polietileno de baixa densidade negociado na London Metal Exchange (LME) fechou ontem no patamar de US$ 1.310 por tonelada, apresentando variação de cerca de 10% frente a um ano antes. Ao se comparar com as cotações de janeiro, no entanto, percebe-se uma pequena queda de cerca de 1%. A nafta, por sua vez - com base na cotação dos portos europeus (Antuérpia, Roterdã e Amsterdã), região importadora - avançou 33,6% nos últimos doze meses, tendo fechado ontem a US$ 981 por tonelada. Em um mês, a alta foi de 2%.


"O cenário externo já aponta para um menor espaço para o aumento da resina", destaca Coelho. Segundo ele, a compra de estoques de petróleo enfraqueceu nos últimos dias e as crises políticas já estão equacionadas nos preços do mercado.

Valor Econômico