70% das usinas já pararam
Sete das dez usinas mato-grossenses de moagem de cana-de-açúcar concluíram a temporada 2011 ainda em outubro. Entre elas está uma das mais importantes plantas industriais do Estado, a Usina Itamarati, localizada em Nova Olímpia (207 quilômetros ao norte de Cuiabá), cujo processamento da cana terminou na semana passada. A antecipação da entressafra, fato inédito registrado no Estado, é resultado da queda na produção dos canaviais atingidos por dois períodos seguidos de estiagem, um quando a lavoura estava em formação, no segundo semestre de 2010, e o último durante a colheita deste ano, até início de setembro. Mesmo em um ano atípico, o segmento assegura o abastecimento até a retomada dos trabalhos no próximo ano.
De acordo com o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), até meados de novembro a moagem estará totalmente concluída no Estado. A três que seguem os trabalhos até o início do mês são as usinas Barralcool (Barra do Bugres), Pantanal (Jaciara) e a ETH Bioenergia (Alto Taquari). (Veja quadro ao lado)
O término precoce da safra 2011, em relação ao calendário do segmento em anos anteriores, já havia sido antecipado pelo Diário no mês passado. “Realmente é um fato inédito para o Estado, mas sem cana, não há como trabalhar. Essa carência é resultado da estiagem que quebrou a produção”, explica o diretor executivo do Sindalcool, Jorge dos Santos. Os trabalhos no Estado são realizados até o início de dezembro.
Conforme números do segmento, 90% da produção de 13,90 milhões de toneladas está colhida e moída. “O rendimento dos canaviais foi 5,5% menor do que o esperado, já que a estiagem prejudicou o desenvolvimento da cana”, completa Santos.
Mesmo com um ano atípico para o segmento sucroalcooleiro no Estado, Santos frisa que não haverá desabastecimento no mercado local, seja de etanol, seja de açúcar. “Temos um compromisso com a sociedade. Apesar do menor rendimento da produção, a cana moída rendeu a contento e por isso há estoques para atravessarmos a entressafra”. Santos conta que a chegada das chuvas está favorecendo os canaviais que serão colhidos em 2012 e que por conta disso, a safra será antecipada. “Neste ano, a estiagem não apenas fez a safra encerrar mais cedo, como fez os trabalhos de colheita começarem mais tarde, a partir de abril e intensificado somente em maio. Com o bom volume de chuvas, daremos início à temporada 2012 já em março, numa abreviação de um mês em relação a 2011”.
Outro ponto observado é a perspectiva de um consumo menor de etanol hidratado e anidro no Estado. Com a alta do litro na bomba (hidratado) e com a redução dos volumes adicionados à gasolina (anidro), haverá excedentes, independentemente de uma entressafra precoce. Conforme o segmento, no ano passado foram consumidos cerca de 416 milhões de litros de hidratado. A previsão é que em 2011 a demanda fique entre 320 e 350 milhões de litros. “Devemos finalizar a safra com uma produção de 540 milhões de litros e diante deste cenário, teremos quase 200 milhões de litros em estoque, quantidade bastante segura para uma temporada atípica”. Sem revelar números sobre o estoque de passagem de etanol, Santos destaca apenas que mediante a conjugação dos fatores que impuseram menor rentabilidade às usinas, “o compromisso social relativo ao abastecimento está garantido”, reiterou.
Diário de Cuiabá