Álcool já custa mais de R$ 2 em postos do Rio
Os motoristas de carro flex devem voltar a ficar atentos aos preços do álcool hidratado (etanol) em relação ao da gasolina. Com o início da entressafra da cana-de-açúcar, os produtores subiram o preço e o efeito já é sentido nas bombas dos postos de combustível. Na maioria dos casos, deixou de valer a pena abastecer o carro com álcool neste início de dezembro. No Rio, o litro do álcool já custa mais de R$ 2, chegando a equivaler a 76% do preço da gasolina.
Por ter um rendimento menor, para ser vantajoso, o álcool tem de custar até 70% do valor da gasolina, o que vinha acontecendo nos últimos meses. Agora, o quadro mudou. De acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 28 de novembro a 4 de dezembro, um posto com bandeira da Petrobras Distribuidora (BR) na Avenida Atlântica, em Copacabana, vendia o álcool a R$ 2,297 e a gasolina a R$ 2,996.
Nos primeiros dias de dezembro, os produtores venderam o álcool 5,3% mais caro em relação ao início de novembro. Para janeiro, são esperados preços ainda maiores. De acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), que reúne os produtores de álcool, o aumento de preço dos produtores deve-se à entressafra, quando a oferta do produto fica menor que a demanda. No mês passado, o avanço do combustível foi de 3,02%.
— O etanol colocado em Paulínia, sem impostos, custa hoje R$ 1,12. Com os impostos, chega a R$ 1,31. Até março, o preço deve permanecer nesse patamar — disse. — Como o Rio não tem uma oferta de etanol próxima, sua estrutura de logística já é mais cara. E, nesse período, todo o aumento na bomba acaba sendo reflexo do produtor.
Alisio Vaz, vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), lembra que o preço médio do etanol passou de R$ 0,83 durante a safra (até o fim de agosto) para R$ 1,05, em setembro:
— Agora estamos na entressafra. Com a oferta reduzida, o consumo se dá com base no estoque, o que acaba encarecendo. Mas os preços vão aumentar ainda mais, chegando à sua máxima em janeiro.
Segundo a ANP, preço médio no Rio é de 1,874
A pesquisa da ANP mostra que o álcool mais caro do país é vendido no Acre, onde o litro é sai a R$ 2,380. Em Minas Gerais, o produto tem um dos menores preços, R$ 1.380 o litro. No Estado do Rio, o combustível foi vendido na semana passada a um preço médio de R$ 1,874.
Ainda de acordo com a ANP, enquanto um posto BR na Lagoa vendia o álcool a R$ 2,019, na semana passada, em outro, também da BR, em Copacabana, o litro custava R$ 2,297.
Gilmar Galdino, gerente do Posto JPX, de bandeira Shell, na Avenida das Américas, na Barra, disse que o combustível passou de R$ 1,999 para R$ 2,04 há cinco dias. Já a gasolina, no mesmo período, subiu um centavo, para R$ 2,699. Apesar disso, muitos continuam optando pelo álcool, caso do representante comercial Pedro Paulo da Silva Rodrigues.
— É o costume. Sei fazer a conta para saber se vale a pena ou não, mas acabo abastecendo sem pensar na economia — reconheceu, acrescentando que se arrepende de ter trocado, há um ano, um carro a gás por um flex.
Já a aposentada Lucia Helena Wanderley não abastece sem fazer os cálculos e há 15 dias trocou o álcool pela gasolina.
— Se o álcool estiver barato, eu prefiro. Mas agora não dá. Está muito caro, não vale a pena.
No posto Sonap Big Rio, de bandeira BR, na Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, o álcool está acima de R$ 2 há um mês e já sofreu um ajuste: de R$ 2,039 para R$ 2,079. Segundo o encarregado Neilson Custódio, a venda do combustível caiu em relação à da gasolina, que, há três meses, sai a R$ 2,739:
— Antes vendíamos entre 4 mil e 5 mil litros de álcool por dia. Agora, vendemos uns 2 mil. (O Globo)