ALL projeta aumento de cargas com chegada dos trilhos a Rondonópolis
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Após atrasos e postergar a virada em seu fluxo de caixa, o projeto de expansão da América Latina Logística (ALL) em Mato Grosso - que é considerado pela empresa um dos investimentos mais importantes de sua história - foi inaugurado ontem, com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff. Agora, conta com uma expansão ferroviária de Alto Araguaia até Rondonópolis, um trecho de 260 quilômetros, e complexo com terminais para grãos, produtos industrializados, combustíveis e contêineres na ponta da estrada, cuja área já está quase toda reservada por empresas.
Alexandre Santoro, presidente da concessionária de logística, diz que praticamente todas as áreas do Complexo Intermodal Rondonópolis (CIR) já são estão sob contrato com grupos interessados. São principalmente grandes companhias da área de commodities agrícolas, como soja, e de combustíveis, além da própria Brado, controlada da ALL voltada à logística de contêineres.
Segundo apurou o Valor, só faltam ser definidos os ocupantes para dois terrenos no complexo logístico e industrial, ou 5% da área total. A ALL acredita que cerca de 20 empresas venham instalar terminais e indústrias no local, e que façam investimentos adicionais estimados em R$ 700 milhões em cinco anos.
Até o momento, foram aportados R$ 150 milhões no complexo, segundo a ALL, além dos R$ 730 milhões investidos exclusivamente na extensão da Ferronorte, que tem origem na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul. A ligação até o porto de Santo é feita desde esse ponto na Malha Paulista.
Os planos da ALL é que o novo trecho ferroviário de Rondonópolis aumente em até 18 milhões de toneladas o volume de cargas movimentadas anualmente nos trilhos da companhia no longo prazo, dependendo dos planos dos clientes. Hoje, são cerca de 60 milhões de toneladas em toda a malha administrada no país, que soma 12,9 mil quilômetros.
O terminal está localizado na rodovia BR-163, a 28 quilômetros do centro da cidade. A maior parte da carga chega de caminhão oriunda da região produtora de grãos no Centro-Oeste e seguirá de ferrovia até o porto de Santos. A área em Rondonópolis é de 385 hectares (900 campos de futebol) e começa a operar com capacidade de carregamento de 120 vagões a cada 3,5 horas.
A empresa já estuda um segundo projeto no Sul do país, nos moldes de Rondonópolis, embora não com o mesmo tamanho. O objetivo é elevar a produtividade ferroviária na malha do Sul por meio de uma readequação de terminais logísticos, inclusive os do interior, além de aumentar o potencial de atração de cargas para as ferrovias da empresa. Ela diz que os estudos para esse segundo projeto estão em fase inicial.
Outro projeto de expansão de capacidade ferroviária já está em curso no Estado de São Paulo, na descida da serra de São Paulo a Santos e é responsável por levar cargas até o porto. Dois pequenos trechos, todavia, ficam em área indígena e, devido às dificuldades nos licenciamentos, segundo a ALL, não consegue avançar as obras. Essa duplicação faz parte de acordo com a Rumo Logística, que criou um corredor entre Itirapina (SP) e Santos para escoar açúcar. O plano atual é terminar as obras até o fim de 2014. Até lá, continuará pagando multas às clientes.
Novos investimentos são um assunto que pode ser delicado para o balanço da companhia. O investimento de R$ 880 milhões no projeto de Rondonópolis teve impacto no caixa da companhia desde 2009, quando foi iniciado. Neste ano, a ALL planejava uma virada logo que as obras em Rondonópolis acabassem e as receitas pudesses começar a ser contabilizadas. Mas a inauguração atrasou pelo menos um ano, segundo informou, principalmente divo a atrasos no licenciamento ambiental.
Os planos da companhia são de aumentar a produtividade da ferrovia, principalmente por meio da conclusão dos investimentos em São Paulo, e se consolidar como uma empresa de logística integrada, entrando, inclusive, em negócios do setor portuário.
Valor Econômico