Alta do petróleo pode trazer mais risco que alimentos, diz economista da Fipe
Os alimentos não são a única fonte de preocupação do mercado quando o assunto é perspectiva de inflação para 2011. O forte avanço do petróleo nos últimos meses, e a possibilidade de continuidade desse movimento devido aos conflitos no Oriente Médio e no norte da África, transformaram a commodity em um risco para o controle de preços no país.
"O petróleo poderá influenciar a inflação mais do que os alimentos, dependendo de seu comportamento no decorrer do ano", avalia Antonio Evaldo Comune, coordenado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). "O aumento do petróleo é sério porque afeta toda a cadeia produtiva", explica o economista, referindo-se ao fato de que o óleo é matéria-prima para a fabricação de diversos produtos.
No que diz respeito à gasolina, a variação do petróleo no mercado internacional não interfere nos preços no Brasil, já que o combustível é controlado pelo governo. A Petrobras, entretanto, não descarta um reajuste caso as cotações do petróleo continuem avançando.
Neste cenário, porém, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que o governo poderá reduzir a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre a importação e a comercialização de combustíveis, de forma a neutralizar o efeito da alta da gasolina.
Além do petróleo, outras commodities, como milho e trigo, colocam um ponto de interrogação diante das previsões inflacionárias. "Poderemos ter mais ou menos pressão de acordo com os preços desses produtos", explica Comune, acrescentando que a expectativa para o segundo semestre é de aumento nos preços das matérias-primas agrícolas.
Valor Econômico