ANP prevê déficit maior de gasolina em 2022

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Diante da perspectiva negativa paraa produção brasileira de etanol no horizonte de dez anos, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustfveís (ANP) avalia que o Brasil terá um déficit até 400 mil barris de gasolina por dia em 2022, informou nesta terça-feira (20) a diretora-geral da agência, Magda Chambriard. Segundo a executiva, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) calcula a falta do combustível em cerca de 300 mil barris diários em 2022, com a redução do déficit pela utilização do etanol. "A ANP avalia, em função do que a Unica [União da Indústria de Cana-de-Açúcar] tem nos dito sobre as perspectivas de produção de etanol, que este déficit pode ser um pouco maior do que o previsto pela EPE, de 400 mil barris por dia", afirmou a diretora-geral, após participar da Semana da Infraestrutura (Lets) promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Segundo a executiva, além dos problemas na cadeia produtiva do etanol, o déficit também se explica pois as novas capacidades de refino previstas para entrar em operação no País - as refinarias de Abreu e Lima (Pernambuco), Comperj (Rio de Janeiro), Premium 1 (Maranhão) e Premium 2 (Ceará), todas da Petrobras - estão projetadas majoritariamente para a produção de diesel, nafta e querosene de aviação. "O déficit de gasolina terá que ser suprido por um conjunto de alternativas: por exemplo, reforma de nafta; reforma de líquido de gás natural, fruto da exploração de gás no pré-sal; pelo etanol; e até pela substituição da gasolina pelo diesel, pelo menos nos SUVs [veículo utilitário esportivo, na sigla em inglês] e no mercado de carros de luxo", disse Magda. Segundo ela, vencerá a competição o setor que mais aportar tecnologia. Leilões A diretora-geral da ANP voltou a afirmar que não serão realizadas rodadas de licitação para áreas com potencial para a exploração de petróleo e gás natural neste ano. A agência deverá recomendar a realização de uma nova rodada de leilão em 2015 para áreas de fronteira, em terra e em bacias maduras. Um novo leilão do pré-sal deverá ocorrer apenas em 2016, de acordo com perspectiva da reguladora. "No ano passado fizemos três rodadas de licitação, a última delas em novembro. Esta é a rodada de 2014. Não vemos como necessária uma nova rodada este ano, porque precisamos que as empresas entrem nas suas áreas e comecem a explorar", considerou Magda, lembrando que os contratos de concessão da 12ª rodada foram assinadas na semana passada. "Não estamos vendo espaço de aceitação das empresas para uma nova rodada ainda este ano", disse a diretora da ANP. Para 2016, a agência estuda a licitação de áreas na chamada Margem Leste, que vai do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Também novas fronteiras em terra com potencial para gás natural estão sendo avaliadas. Além disso, deve ser recomendado o leilão de áreas em bacias maduras, voltadas para atender a pequenas e médias empresas. No pré-sal, a ANP vê a necessidade de maior maturação do campo de Libra, antes de uma nova licitação. "É ruim e antiprodutivo assolar o mercado com oportunidades gigantescas sem que as oportunidades já licitadas estejam mais maduras", disse, ressaltando o investimento mínimo de R$ 65 bilhões estimado para o campo explorado por consórcio entre Petrobras, Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC. De acordo com a diretora, a sugestão de que o próximo leilão do pré-sal fique apenas para 2016 deverá ser encaminhada ao governo para a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Dentre as áreas do pré-sal que poderão vir a ser licitadas, Magda destacou o campo de Pau-Brasil, localizado ao sul do campo de Libra, na Bacia de Santos. "É uma área de 320 quilômetros quadrados, onde podemos ter talvez 5 bilhões de barris de óleo in situ, com espessuras que chegam a 450 metros de coluna. A ordem de grandeza desse recurso é imensa", ressaltou. Superávit no óleo Magda Chambriard disse ainda que o Brasil deverá exportar mais petróleo do que importar em 2014. A executiva, no entanto, preferiu não fazer projeções quanto ao tamanho do superávit no óleo. "Só digo que este ano, a balança deve tender para deixarmos de ter déficit no óleo cru e voltar a ter superávit", afirmou. As importações de petróleo bruto subiram 20,8% em 2013, para US$ 16,32 bilhões, contribuindo para que o Brasil fechasse o ano com o pior desempenho comercial em mais de uma década. As exportações somaram US$ 12,96 bilhões no ano, com queda de cerca de 36% ante 2012. A perspectiva de recuperação do superávit está ancorada na meta de crescimento de produção da Petrobras de 7,5% no ano, vista com certa descrença pelo mercado, diante da queda de 1,9% na produção no primeiro trimestre de 2014, em relação aos três meses imediatamente anteriores.

DCI