Artigo: Cenário dos preços dos combustíveis
* Adriano Pires - Num cenário onde a Ômicron seja controlada e não surjam novas variantes, a estimativa é de que a demanda global de petróleo suba para 99,8 milhões de barris por dia (b/d), em 2022, 280 mil b/d acima de 2019. Com isso, a previsão é que o preço médio do Brent possa alcançar patamares de US$ 90 a US$ 100/barril em 2022.
Em 2021, os países enfrentaram os preços altos dos combustíveis, com diferentes políticas. Os grandes países exportadores e com baixo consumo voltaram a ter um protagonismo semelhante ao do primeiro e segundo choques do petróleo, aumentando a sua arrecadação com a renda do petróleo e mais do que nunca deram continuidade à política de vender os combustíveis a preços muito baixos, sem qualquer relação com o mercado. O exemplo são os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Os países desenvolvidos que possuem moeda forte adotaram a política de seguir os aumentos do barril de petróleo, já que estão protegidos do efeito câmbio. Mesmo assim, os Estados Unidos, em 2021, colocaram reservas de petróleo no mercado, na tentativa de conter os preços da gasolina. Países europeus, como Portugal, criaram uma política de devolver para o consumidor uma parte dos preços da gasolina e do diesel pagos na bomba. A França reduziu impostos e agora, com o preço do gás muito elevado no inverno, estabeleceu uma política de subsídios. Outro grupo de países que não são exportadores e têm problema de câmbio usou os fundos de estabilização. É o caso da Colômbia, Peru, Noruega, Chile e outros.
E o Brasil? Ficamos só na discussão desde voltar à velha e errada prática de usar a Petrobras, redução de impostos, criação do fundo de estabilização, soluções equivocadas, como imposto de exportação sobre o petróleo, e só no fim do ano conseguimos criar o Vale Gás.
E em 2022? Três cenários: caso o preço do petróleo fique em US$ 80 /barril, o preço da gasolina no Brasil deverá crescer 13,4%, em relação a 2021, atingindo quase R$ 7/litro, supondo um câmbio a R$ 5,60. Se o preço do barril for US$ 90, o aumento será de 27,5% e o litro chegará a mais de R$ 8; a US$ 100/barril, o aumento seria de 41,7% e o litro da gasolina poderá atingir R$ 10. Em relação ao diesel, com o petróleo a US$ 80, o aumento será algo como 13,4% e o preço do litro, R$ 6; a US$ 90 o barril, o aumento será de 27,5%; a US$ 100 o barril, o aumento será 41,7% e o litro do diesel, respectivamente, R$ 7 e R$ 8. Como enfrentaremos esse cenário? Qual será a reação do Congresso, do governo federal e dos estaduais num ano de eleições? E os candidatos à Presidência, como vão se posicionar? A conferir. •
* Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura
Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo