Ata do Copom mostra preocupação com inflação e indica novas altas de juros
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O Banco Central admitiu que a alta recente do dólar vai pressionar a inflação no curto e no longo prazo e afirmou que será necessário continuar elevando a taxa básica de juros para reduzir os preços. A avaliação faz parte da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual a instituição explica as razões que a levaram a aumentar os juros na semana passada de 8% para 8,5% ao ano.
A aposta predominante agora no mercado financeiro é de um outro aumento de 0,5 ponto porcentual, no fim de agosto, com possibilidade de novos apertos na taxa até o fim do ano.
No documento, o BC fez uma avaliação mais dura sobre o impacto do câmbio nos preços, ao afirmar que efeitos secundários da desvalorizaçãodo real frente ao dólar, “que tenderiam a se materializar em prazos mais longos, podem e devem ser limitados pela adequada condução da política monetária”. O Copom também avalia que a depreciação e a volatilidade do câmbio “ensejam uma natural e esperada correção de preços”.
A instituição usou em suas contas uma taxa de R$ 2,25 por dólar. Na ata do início de junho, o dólar utilizado foi de R$ 2,05. Mesmo com essa mudança, as projeções de inflação do BC para 2013 e 2014 não mudaram, embora continuem acima do centro da meta, de 4,5%. Um fator positivo para o índice de preços é a revogação de reajustes nas tarifas de transporte urbano no mês passado, que deve reduzir o IPCA em 0,7 ponto porcentual.
Também reforçou as apostas em novas altas de juros a afirmação da ata de que “o Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso”. Além disso, apesar da queda recente em alguns índices de preços, o BC afirmou que a inflação continua elevada e mostra resistência, um processo que precisa ser revertido.
Crescimento. Em relação ao crescimento econômico, a ata faz duas ponderações importantes. A primeira, que a demanda doméstica tende a se apresentar “relativamente robusta”, e não mais “robusta”, como citado na ata anterior. Além disso, a instituição destaca a queda na confiança de famílias e empresas, fator que pode prejudicar a atividade se também não for revertido.
Do lado externo, o BC cita a volatilidade criada pela expectativa de mudança da política monetária dos Estados Unidos e diz que o cenário internacional ainda é um fator que contribui para segurar os preços.
Também destaca que em “importantes economias emergentes” o ritmo de atividade não tem correspondido às expectativas, o que foi entendido como uma referência à China.
Para a LCA Consultores, o documento continua a sugerir que a autoridade monetária está inclinada a centrar forças para reverter a aceleração da inflação corrente e conter a deterioração das expectativas inflacionárias. “A autoridade parece inclinada a responder à pressão cambial com juros mais altos”, disse, em relatório. A consultoria espera mais duas elevações de 0,50 ponto, nas reuniões do Copom de agosto e outubro.
O Itaú Unibanco espera, além dessas mesmas duas, uma alta adicional de 0,25 ponto no último encontro do ano, marcado para novembro, elevando os juros para 9,75% ao ano. “Os efeitos da desvalorização cambial e as restrições de oferta ainda estão presentes na economia brasileira e mantêm o risco inflacionário como o principal problema atual do Banco Central. Entendemos que o Copom optará por continuar o ciclo de alta de juros, mantendo o ritmo de elevação de juros para reduzir os riscos de inflação em 2014.”O Estado de S. Paulo