"Bancos não querem financiar carros", diz presidente da JAC
O presidente da JAC Motors do Brasil, Sergio Habib, disse ontem que os bancos brasileiros não estão \'propensos\' a financiar a compra de automóveis no País. De acordo com Habib, a falta de crédito deverá impedir o crescimento da indústria automobilística brasileira em 2012.
O executivo afirmou que a inadimplência do setor vem crescendo, o que deixou os bancos ainda mais avessos ao financiamento, principalmente os de longo prazo. \'Não há mais financiamento de 60 meses\', destacou.
Segundo Habib, a queda nos valores das prestações é o que, de fato, proporciona um aumento do mercado. \'A queda das prestações é muito mais sensível ao número de parcelas do que à queda dos juros.\'
Habib acha que o setor não vai crescer este ano em relação ao ano passado. \'A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) ainda não mudou as projeções. Está muito otimista.\' A Anfavea, que representa as montadoras instaladas no Brasil, projeta crescimento das vendas entre 4% e 5%.
No primeiro trimestre deste ano, os licenciamentos de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) somaram 818.364 unidades, uma queda de 0,8% na comparação com os veículos comercializados em igual período de 2011.
Exigências. Para cumprir as exigências do novo regime automotivo, publicadas na semana passada, a chinesa JAC Motors planeja trazer para o Brasil fornecedoras de autopeças chinesas, que já atendem a montadora. \'Queremos trazer alguns fornecedores da JAC que querem trabalhar no País\', disse Habib.
O executivo afirmou que a companhia conseguirá seguir o novo regime automotivo e, assim, obter o benefício para a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
\'Nós não conseguiríamos chegar em 65% no primeiro ano, mas agora nos foi dado um prazo de três anos\', disse Habib.
A fábrica da montadora chinesa será instalada no polo industrial de Camaçari, na Bahia, e as operações devem começar em 2014. A unidade da JAC Motors receberá investimento de R$ 900 milhões e a capacidade produtiva deverá chegar a cerca de 100 mil veículos por ano.
Além da ideia de buscar os fornecedores na China, o executivo disse que está atento às oportunidades da cadeia de fornecimento em Camaçari. Como a Ford já está instalada no local, Habib disse que as operações na JAC poderão se beneficiar dessa cadeia.
\'Para as autopeças, é melhor ter dois clientes do que um\', disse Habib. O executivo informou que no dia 14 de maio realizará um encontro com as empresas de autopeças em Camaçari.
Chery. O presidente da Chery no Brasil, Luis Curi, disse ontem que a meta da montadora chinesa é chegar a um índice de nacionalização de 65% em sua produção no Brasil.
A companhia, que está construindo sua fábrica em Jacareí, interior de São Paulo, está em busca de fornecedores locais. Até o momento, já se reuniu com fabricantes de peças que já produzem no País.
O executivo afirmou que a Chery está tentando acelerar ao máximo a construção da fábrica no País para conseguir atender, o mais rápido possível, às exigências do governo federal estabelecidas no regime automotivo.
O Estado de S. Paulo