BR Distribuidora reduz preços da gasolina e do álcool

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A BR Distribuidora, líder do mercado de combustíveis no país, reduziu, desde ontem, os preços da gasolina em 6% e os do álcool hidratado em 13% para a sua rede de postos em todo o país. A queda, que tem como objetivo forçar uma redução geral dos preços no mercado de combustíveis, foi articulada pelo governo que, conforme antecipou na edição de anteontem O GLOBO, decidiu usar a subsidiária da Petrobras para acelerar a normalização dos valores cobrados nas bombas.

Técnicos do setor estimam que a redução nos postos para os consumidores será da ordem de 5,3% nos preços da gasolina, cerca de R$ 0,16 por litro, no Rio. Já no álcool a redução poderá chegar a 11,5%, ou cerca de R$ 0,30 por litro.

A BR conta com 7 mil postos de um total de 37 mil revendas no país e negocia mais de 40% do volume de combustíveis vendido. Lobão aposta em um efeito cascata a partir da queda patrocinada pela BR, pressionando os outros revendedores a reduzirem seus preços. A estatal tem 21,2% do volume de álcool vendido no país e 29,7% do mercado de gasolina.

— Os preços já estão caindo na bomba de gasolina. A BR vai reduzir entre 6% e 10% o preço (da gasolina). O mesmo acontecerá com o etanol. Mas, além disso, os outros distribuidores já estão trabalhando nesta direção — afirmou o ministro.

A BR Distribuidora informou que a decisão de reduzir seus preços de venda do álcool e da gasolina a seus revendedores foi tomada em função da queda que vem ocorrendo nas últimas semanas dos preços do álcool hidratado e anidro (misturado à gasolina) vendido pelos usineiros.

Lobão disse ainda que os preços dos combustíveis "subiram muito nos últimos meses" no país. Entre janeiro e maio, o aumento médio do álcool nos postos chegou a 23,87%, enquanto o preço da gasolina subiu 11,77%.

— Mas estão caindo já significativamente e assim prosseguirão, até que se estabilizem num patamar razoável — disse ele.

Processo contra a BR por formação de cartel em Brasília

As denúncias feitas nos últimos dias por Lobão de que a formação de cartel em Brasília e São Luís também está contribuindo para o aumento de preços dos combustíveis começaram a ter uma resposta dos órgãos de defesa da concorrência. Ontem, sete anos após o início das investigações, a Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, abriu processo administrativo contra a BR por formação de cartel em Brasília.

A BR, que tem 51% do mercado de distribuição do Distrito Federal, tem contratos com a rede de postos bra-siliense Gasol. A SDE acusa a estatal de manter cláusulas contratuais com a Gasol diferentes das praticadas com as outras revendas. Um exemplo são os alugueis muito abaixo dos preços de mercado. Segundo análise do Tribunal de Contas da União (TCU), tais critérios causam prejuízos à própria BR, que no período de setembro de 1995 a fevereiro de 2004 somaram R$ 50,5 milhões.

A SDE também informou que concluiu a investigação de cartel de combustíveis em Londrina, no Paraná, e enviou o processo ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), acusando 12 donos de postos. A secretaria pede a condenação das empresas, que poderão ser multadas em até 30% do valor do faturamento de cada uma e terem suas autorizações de funcionamento canceladas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O Globo