Bunge se une no Brasil a gigante do petróleo para produzir etanol

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Folha de S. Paulo
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trader americana de produtos agrícolas Bunge e a principal empresa britânica de energia, a BP, assinaram acordo para formar uma joint venture de etanol de cana-de-açúcar no Brasil.

A BP combinará seus empreendimentos brasileiros em biocombustíveis e bioenergia com os da Bunge. A entidade autônoma, BP Bunge Bioenergia, terá 11 usinas de biocombustíveis no Brasil, com 32 milhões de toneladas de capacidade de moagem por ano. Ela produzirá etanol e açúcar.

A Bunge disse que receberá recursos em dinheiro de US$ 775 milhões como parte do acordo. A BP pagará à trader US$ 75 milhões, e a joint venture assumirá US$ 700 milhões de dívida associada aos ativos da Bunge.

A Bunge saiu do mercado de açúcar no ano passado e foi forçada a suspender uma oferta pública inicial de seu negócio brasileiro de açúcar devido à falta de interesse de investidores. A americana procurou se concentrar em grãos, sementes oleaginosas e ingredientes alimentícios.

A empresa apostou mais de US$ 1 bilhão na demanda por açúcar e etanol em 2010, quando adquiriu a Moema, operadora brasileira de usinas de açúcar. Mas o investimento teve dificuldades porque o mau tempo prejudicou as safras de cana, os preços do açúcar caíram e Brasília conteve o preço da gasolina, combustível concorrente do etanol. Há quatro anos, a Bunge anunciou que estava avaliando a venda das usinas deficitárias.

Enquanto isso, algumas das principais empresas de petróleo e gás do mundo tentam expandir a produção de estoques de combustíveis líquidos mais ecológicos, enquanto apostam na demanda contínua por combustíveis, especialmente para transporte, como caminhões pesados e aviões.

“Os biocombustíveis serão parte essencial da transição energética”, disse Bob Dudley, presidente-executivo da BP. “O Brasil lidera o caminho para mostrar como eles podem ser usados em escala, reduzindo as emissões do transporte.”

A joint venture, sediada em São Paulo, também produzirá eletricidade renovável gerada por biomassa de resíduos de cana-de-açúcar.

Em 2018, os negócios da BP e da Bunge produziram 2,2 bilhões de litros de equivalente a etanol. Ambas as entidades empregam mais de 10 mil pessoas no Brasil.

Os biocombustíveis emitem carbono em quantidade semelhante aos combustíveis fósseis quando queimados. Mas eles são considerados mais verdes porque são produzidos a partir de material orgânico que absorveu dióxido de carbono da atmosfera.

Hoje, nos EUA e na Europa, os biocombustíveis são geralmente consumidos na mistura de pequenas quantidades com os tradicionais estoques de combustíveis fósseis líquidos. Mas dois terços dos carros no Brasil operam com etanol.

O acordo deverá ser concluído no quarto trimestre de 2019.