Caminhão elétrico nacional chega ao mercado em 2022

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A Volkswagen prepara o lançamento do primeiro caminhão elétrico nacional, o e-Delivery. O veículo, voltado para entregas em centros urbanos, chega no fim de 2022.

A confirmação foi feita nesta quarta (5) por José Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus. O modelo será montado em Resende (RJ).

O executivo calcula que o preço deverá ser o dobro do cobrado por uma versão a diesel do Delivery, que custa a partir de R$ 142.860. O primeiro cliente é a Ambev, que já fez uma pré-reserva de 1.600 unidades.

Segundo Alouche, o desenvolvimento das formas de recarga -com a utilização de energia solar nas empresas, por exemplo- e a redução de outros gastos durante a vida útil do caminhão (de 8 a 10 anos, em média) devem compensar o investimento.

“Vimos que o Brasil está pronto para absorver essa tecnologia. Se hoje fôssemos ligar todos os caminhões na tomada, poderia haver queda de energia, mas há outras alternativas em desenvolvimento”, diz o executivo. Ele acredita que opções de recarga mais eficientes e de baixo custo já estarão disponíveis em grande escala quando o e-Delivery chegar ao mercado.

O modelo elétrico terá motor feito pela empresa WEG e potência equivalente a 109 cv. Grande parte de seus componentes serão produzidos no Brasil, afirma Alouche.

A autonomia chegará a 200 quilômetros. A recarga completa a partir do zero levará cerca de três horas, de acordo com a Volkswagen.

A Volks também testa um ônibus híbrido no Brasil. Um motor 1.4 turbo flex (etanol e gasolina) serve de gerador para o motor elétrico.

Há também estudos para o lançamento de caminhões movidos a gás natural veicular e de um sistema que permite utilizar álcool ou diesel em um mesmo modelo. Essas tecnologias ainda não tem data para chegar ao mercado.

Todas essas estratégias buscam também melhorar a imagem da VW, que se reestrutura após o escândalo de adulteração de resultados de emissões em testes com carros de passeio a diesel. A marca não desiste dessa combustível, mas precisa equilibrar sua oferta de produtos.

A confirmação do caminhão elétrico ocorre em um período de otimismo para a Volkswagen. O segmento de veículos pesados volta a crescer, após anos difíceis. As vendas caíram 71% na comparação entre janeiro de 2016 com o mesmo mês em 2012.

Entre janeiro e novembro de 2018, os emplacamentos no setor de caminhões cresceram 49% sobre igual período de 2017, mas há reajustes de valores. “O preço dos veículos se manteve estável [durante o período de crise], mas o custo continuou aumentando, houve alta no aço, na borracha. A margem de lucro se deteriorou dramaticamente, as montadoras precisaram repassar os custos”, diz Alouche.

De acordo com Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, a empresa contratou 350 funcionários para a linha de montagem, em Resende. Eles estão em treinamento e começam a trabalhar no início de 2019, após o período de férias coletivas. A montadora vai abrir o segundo turno parcial de produção.

Neste ano, a Volks produziu 3.400 ônibus para atender a prefeituras por meio do programa Caminho da Escola, do Ministério da Educação. Outros 500 estão sendo montados em um contrato fechado com o Ministério do Desenvolvimento Social.

Encomendas como essas ajudam a compensar a queda de aproximadamente 6% nas exportações de veículos pesados, reflexo da crise na Argentina.

Cortes diz que a empresa é “apolítica”, mas afirma estar otimista com os rumos futuros da economia. Ele evita fazer comentários diretos sobre Paulo Guedes, futuro chefe da pasta econômica no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

“O pior já passou, estamos em momento de retomada”, diz o executivo. “Esse ano encerra oficialmente um dos períodos mais graves de crise no Brasil”.

Contudo, as vendas ainda estão distantes do melhor momento do segmento de ônibus e caminhões no país. A soma dos emplacamentos no acumulado de 2018 (86 mil unidades) é pouco mais que a metade do resultado obtido entre janeiro e novembro de 2011, quando 166,6 mil veículos pesados foram comercializados.

Cortes lembra que houve grande movimento naquele ano, devido a taxas de financiamento excepcionalmente baixas e a antecipação de compra para aproveitar as queimas de estoque às vésperas da nova legislação ambiental para o setor, a Euro 5. “Acredito que o resultado de 2011 não irá se repetir novamente”, diz o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Folha de S.Paulo