Carros continuam sendo financiados sem entrada

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Bancos diretamente ligados às montadoras e pelo menos uma financeira decidiram manter, até este fim de semana, planos de financiamento em até 60 meses sem entrada para a compra de carros novos. Pelas novas regras do Banco Central em vigor desde segunda-feira, esse tipo de crediário deveria ser feito com 40% de entrada do valor do bem. Já os planos de 72 meses foram extintos.

Grandes bancos como Itaú, BV, Santander e Finasa aumentaram os juros médios de 1,37% para 1,80% ao mês na compra em cinco anos sem entrada. A taxa mais baixa vale para quem der entrada de 20% a 40%, dependendo do prazo do contrato. Já os bancos Volkswagen, GM e Panamericano operam até amanhã com condições similares às da semana passada, antes do pacote de aperto ao crédito.

O mercado, por enquanto, não registrou impacto nas vendas, mas uma possível antecipação de compras. Nos sete dias úteis de dezembro, até quinta-feira, foram licenciados 108.886 automóveis e comerciais leves, ante 100.324 em igual período de novembro, que fechou com vendas totais de 311,4 mil unidades nesse segmento, o segundo melhor resultado da história.

“Registramos crescimento de 40% nas vendas durante a semana em relação a semanas anteriores”, diz Marcos Leite, gerente da revenda Volkswagen Amazon. “Alguns clientes anteciparam compras.”

Neste fim de semana, a Volkswagen realiza feirões no Extra Anchieta, em São Bernardo do Campo, no Shopping Aricanduva, na zona leste de São Paulo, no Carrefour Osasco e em toda a rede de revendas mantendo condições de pagamento da semana passada. O juro médio para financiamento em 60 meses sem entrada é de 1,37%.

Vai subir. Nessas condições, o modelo Gol que custa R$ 28.790 à vista pode ser adquirido em 60 parcelas de R$ 763. Na próxima semana a prestação subirá para R$ 857 se o consumidor não der entrada. Ao fim de cinco anos, o automóvel terá custado R$ 5.640 a mais nesse plano.

A General Motors repete hoje e amanhã o feirão de fábrica em São Caetano do Sul. A diferença em relação à semana passada é a suspensão do plano de 72 meses. Em 60 meses são oferecidos Celta (parcelas de R$ 598,50), Classic (R$ 668,80) e Corsa (R$ 758,60), todos sem entrada. O juro médio, que antes era de 1,3%, está em 1,6%, mas há casos em que a taxa cobrada é de 0,99%.

Concorrência. Para o economista Ayrton Fontes, os bancos tendem a retomar as taxas anteriores em razão da forte concorrência no financiamento de veículos. Ele também acredita que “há uma gordura para queimar”. A tendência, afirma, é as instituições financeiras reduzirem o retorno que pagam aos concessionários para bancar o compulsório nos financiamentos longos.

O presidente da Ford, Marcos de Oliveira, vê as medidas do BC como “uma preocupação do governo com relação ao potencial aparecimento de um bolha de consumo em certos segmentos e ao risco inflacionário”.

Oliveira ressalta que o aumento dos preços dos carros nos últimos três anos ficou abaixo da inflação, não há cobrança de ágio e a inadimplência é a menor do mercado. “O setor automotivo não é gerador de inflação”, diz ele, para quem as medidas “terão impacto no mercado”.

O Estado de S. Paulo