Conflitos na Líbia fazem cotação do petróleo avançar 2,5% em Londres
Novos ataques do governo de Muamar Kadafi contra os insurgentes fizeram a cotação do petróleo em Londres avançar 2,5% ontem, a US$ 115,94, enquanto em Nova York os preços recuaram graças ao aumento dos estoques nos Estados Unidos. O barril do tipo leve americano fechou em queda de 0,6%, a US$ 104,38.
Os estoques dos EUA aumentaram em 2,51 milhões de barris semana passada, para 348,9 milhões. No centro de Cushing, principal ponto de distribuição para o leve americano, os estoques aumentaram em 1,69 milhão, para o patamar recorde de 40,26 milhões de barris.
O ágio entre os dois tipos de petróleo avançou de US$ 8,04 na terça-feira para US$ 11,56 ontem, uma variação de 44%. No ano passado, essa diferença, segundo a Bloomberg News, registrara a média de US$ 0,76.
Roubini alerta para nova recessão com barril a US$ 140
Ontem, o Bank of America Merrill Lynch elevou sua projeção para o preço do Brent de US$ 86 a US$ 122, alertando que o barril pode, durante o segundo trimestre, ficar “brevemente” acima de US$ 140. Para o tipo leve americano, a projeção passou de US$ 87 a US$ 101.
Na terça-feira, o economista Nouriel Roubini, que antecipou a crise financeira global, afirmou que um barril a US$ 140 levaria alguns países ricos de volta à recessão. Ele disse ainda que o Banco Central Europeu (BCE) cometeria um erro se elevasse sua taxa básica de juros muito cedo. Há uma semana, o BCE sinalizou um aumento dos juros para breve, a fim de segurar a inflação.
— Se os preços do petróleo atingirem o patamar de meados de 2008, de US$ 140 o barril, em algum momento parte das economias avançadas vão recair na recessão — disse Roubini à Bloomberg. — Nos EUA, onde o crescimento está mais acelerado, uma alta entre 15% e 20% nos preços do petróleo não levará a uma nova recessão, mas a uma perda de fôlego da economia.
Em algumas economias emergentes, acrescentou Roubini, o risco é a inflação sair do controle, com índices de dois dígitos, se os bancos centrais não começarem a elevar logo a taxa básica de juros. O diretor-executivo da Exxon, Rex Tillerson, concorda em parte com Roubini. Ele afirmou ontem que a alta dos preços do petróleo ainda não afetou a economia americana. Mas admitiu que isso está cada vez mais perto de acontecer.
Pimco se desfaz de títulos da dívida do governo americano
O fundo Total Return da Pimco, o maior do mundo em títulos de países, desfez-se de todos os papéis da dívida do governo americano, incluindo títulos do Tesouro dos EUA, afirmou ontem uma fonte com conhecimento do assunto. Esse movimento teria ocorrido em janeiro. O Total Return tem uma carteira de US$ 236,9 bilhões.
Ao se desfazer dos títulos americanos, o fundo ampliou suas posições em espécie, que passaram de US$ 11,9 bilhões em janeiro para US$ 54,5 bilhões em 28 de fevereiro. A Pimco não quis comentar o assunto.
Bill Gross, codiretor de investimentos da Pimco, sempre criticou os gastos do governo americano. Ele defendia a compra de papéis com maior rendimento, como títulos corporativos, que suportassem melhor um cenário de inflação. O rendimento do título de dez anos do Tesouro americano está em 3,47% ao ano.
O Globo