Consumidores e Petrobras perdem com a política de preços de Parente

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A política de Pedro Parente elevou o preço dos combustíveis acima dos internacionais, com variação diária dos preços do petróleo e da cotação do dólar, apesar do petróleo ser produzido e refinado no Brasil.

Essa política levou ao aumento das importações de derivados e das exportações de petróleo cru, trouxe prejuízos aos consumidores e à Petrobras e culminou com a greve dos caminhoneiros.

A greve trouxe prejuízos de R$ 15 bilhões. O governo reduziu impostos e deu subvenção aos produtores e importadores de diesel de R$ 13,5 bilhões até o final de 2018.

A Petrobras, ao perder o mercado, passou a exportar mais petróleo cru, as refinarias passaram a operar com alta ociosidade. A utilização do refino foi de 72% no primeiro trimestre de 2018.

A política de preços prejudicou a Petrobras, com a redução da geração de caixa, e os brasileiros, que passaram a pagar preços acima dos internacionais. Entre 2016 e 2017, as importações da gasolina, diesel e etanol se elevaram em 53%, 64% e 119%.

NÃO existe monopólio (de fato) no refino do país, uma vez que há perda de mercado quando a Petrobras pratica preços altos. O conceito de monopólio baseia-se na existência de poder de mercado, que implica em praticar preços acima do competitivo para manter market share.

Após a greve dos caminhoneiros, com preços mais baixos para o diesel, a Petrobras retomou parte do mercado, com custos menores para a população e aumento da lucratividade da companhia.

O lucro do refino aumentou 90% entre o primeiro e o segundo trimestre de 2018, com preços menores na refinaria e sem a subvenção do governo.

O uso do refino atingiu 81% no segundo trimestre deste ano, avanço de 9% sobre o 1º trimestre. Com o aumento da carga nas refinarias, se reduziu a exportação de petróleo cru, obtendo-se maior agregação de valor ao petróleo.

Ivan Monteiro mantém a política de preços de Parente para a gasolina que, a exemplo do diesel, é prejudicial aos consumidores e à Petrobras.

Preço alto da gasolina faz com que a Petrobras perca mercado para produtores e importadores de etanol e gasolina.

Perdem os consumidores, com os preços altos, a Petrobras, com a redução da sua participação no mercado, e o Brasil, com a queda na arrecadação de impostos, porque a carga tributária sobre a gasolina é superior à do etanol.

Ganham produtores de gasolina e etanol nos EUA e Europa, usineiros e multinacionais produtoras de etanolno Brasil, assim como traders estrangeiros e distribuidores privados no país.

Somente a Petrobras consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do custo de importações e, ainda assim, obter níveis de lucro compatíveis com a indústria, para sustentar elevada curva de investimentos, que contribuem com aumento da renda e dos empregos.

No entanto, a política de preços dos combustíveis pode impedir que a Petrobras exerça seu potencial competitivo para se fortalecer e contribuir positivamente com os indicadores econômicos do país.

(Folha de São Paulo)
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