Conveniências ampliam faturamento dos postos
NICHO A SER EXPLORADO
Opção para agregar maior receita e lucratividade aos postos de combustíveis, a implantação e lojas de conveniência é uma ideia que tem se propagado pelo país, principalmente nas duas últimas décadas. Com aumento das vendas de veículos e da frequência de clientes nos pontos de abastecimento, empresários apostam na iniciativa, que tem ajudado na competitividade. As unidades podem ser chamadas de minimercados.
Neste ano, atividade deve expandir 20%, conforme projeção do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Variedade de produtos disponível nas lojas contribui para lucratividade superior, em alguns casos, àquela obtida com a simples venda de combustíveis.
Por isso, 70% das conveniências espalhadas entre os 200 postos de Cuiabá e Várzea Grande são gerenciadas pelo próprio dono do posto e o restante por administrador terceirizado, que vê no investimento uma opção rentável de negócio, permitindo uma lucratividade média de 58%.
Além da diversificação de produtos, a margem de lucro de até 40% sobre os itens comercializados, garante retorno do investimento, tanto para o proprietário do posto, para o franqueador ou arrendatário, observa o consultor de mercado, Edisantos Amorim. Nicho de mercado pode explorar as vendas de alimentos, bebidas, publicações, itens de farmácia, entre outros artigos. “Hoje algumas lojas de conveniência concorrem com bares e restaurantes, atendendo público que circula à noite, por meio do serviço delivery 24 horas”. Amorim acrescenta que apesar do tíquete médio ser baixo, variando entre R$ 5,30 e R$ 6,30, o público atendido nessa atividade comercial é bem diversificado e se sente atraído inclusive pela aceitação de diferentes formas de pagamento e pela praticidade do serviço. A maioria compra por impulso. “São consumidores de diferentes classes sociais e idades, que gostam dessa facilidade”.
Para proprietário do posto Metropolitano, Ranmed Moussa, tanto o formato das lojas de conveniência quanto o perfil dos clientes vem se modificando. “De uns anos para cá, (a conveniência) tomou forma nos postos porque ajuda a dar suporte aos custos”. Empresário explica que para se manter competitivo com a revenda de combustíveis é preciso associar margem baixa de lucro e volume alto de vendas, por isso a loja de conveniência facilita sustentação do negócio. “Ajuda na sinergia, vende mais, aumenta margem de lucro, atrai mais consumidores”.
Estes, por sua vez, têm permanecido um tempo cada vez maior nos postos de combustíveis, principalmente naqueles locais onde há mais conforto, com instalação de ar condicionado e cadeiras. “Os cuiabanos gostam de espaços abertos e muitos, ao invés de ir para o bar ou à padaria, vem até a conveniência”, observa Moussa. Na avaliação do empresário, manter uma loja de conveniência com boas vendas permite estabelecer preços mais competitivos para o combustível. “Ela ajuda no equilíbrio das despesas e no faturamento do negócio”.
Primeiro-secretário do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo), Bruno Borges, entende que a manutenção de lojas de conveniência nos postos é vantajosa para o empresário e para os clientes. “Como a cada dia a margem do combustível está mais apurada, manter uma conveniência é uma solução para agregar valor ao negócio, porque só o combustível não é suficiente para sustentar os custos dos postos”.
Atendimento - De acordo com a gerente do posto Vip da avenida Getúlio Vargas, Patrícia Alves de Andrade, apesar do atendimento na loja começar às 05h30 e encerrado à meia-noite, todos os dias da semana, o maior movimento se concentra na sexta e sábado, principalmente a partir das 18h. “Aqui se tornou um ponto de encontro para muitos que vão para balada”. Por isso, produtos mais comercializados são chicletes, chocolates, cigarros, suco, água e cerveja. Cliente do local, o estudante Walter Sebastião Santana Neto, revela que costuma comprar refrigerantes e sucos, mas já adquiriu também livros. “Venho aqui porque acho prático”.
Gerente do Posto Ferrari, Hugo Arima deAlmeida, confirma que os produtos mais vendidos na loja de conveniência são cigarro, cerveja e água mineral. “Servimos caldinho de feijão na sexta-feira à noite e muitos homens vêm aqui depois do trabalho”. Clientes que comparecem ao local pela manhã, procuram café, energéticos naturais e sanduíches.
Na conveniência do posto de gasolina da bandeira Texaco, em frente à rodoviária de Cuiabá, o atendimento é mantido 24 horas, todos os dias da semana. Reinaugurada há 4 meses, o maior movimento na loja é registrado nos fins de semana. No posto Luna, na Avenida do CPA, a proximidade de bancos e escritórios atraem clientes o dia todo para a loja. Frequentador do endereço, o aposentado Hervilli José Aparecido revela que costuma ir até a conveniência para consumir cerveja, sempre que vem à Cuiabá. “Sou de Pontes e Lacerda, mas minha filha mora aqui perto”.
Expansão
Considerando a inserção de lojas de conveniência nos postos de combustíveis da Argentina (50%) e dos Estados Unidos (90%), no Brasil ainda há muito espaço para investir no negócio. De acordo com dados do Sindicom, dos 38 mil postos de combustíveis brasileiros, apenas 6 mil têm loja de conveniência, ou seja, 16% deles. Para este ano, previsão do setor é alcançar faturamento mínimo de R$ 3,4 bilhões em todo país, equivalente ao obtido no ano passado e 21% superior ao registrado em 2009, quando chegou a R$ 2,8 bilhões.
Desvantagens
Para economista Edisantos Amorim, principal risco desse tipo de negócio está associado ao número de assaltos praticados contra postos de combustíveis. “Principal alvo nesses casos são as conveniências, principalmente porque em alguns postos você já não paga para o frentista, mas na loja”. Por isso, alerta, é importante atenção na escolha do endereço, assim como garantir contrato de seguro, apesar do custo
Dicas
- Escolha ponto em ruas e avenidas bem movimentadas;
- Se arrendatário, negocie contratos de maior duração, para evitar reajustes contínuos;
- Contrate seguros;
- Mantenha horários de funcionamento da loja concomitante ao do posto.
Concentração nos postos
Brasil ...................................................... 16%
Argentina ............................................... 50%
EUA ......................................................... 90%
Fonte: Sindicom
A Gazeta – 15/09/2011
Fotos: Gazeta/Chico Ferreira e Sindipetróleo