Custo alto trava adesão ao diesel menos poluente
As empresas de transporte de Minas Gerais resistem a aderir ao uso do diesel S-50, que tem menor teor de enxofre e é menos poluente. Embora os veículos com motores no padrão Euro 5, adequados ao S-50, reduzam as emissões na atmosfera de partículas nocivas à saúde e sejam mais potentes, os custos embutidos assustam.
Um caminhão que siga os padrões Euro 5 (obrigatórios para modelos fabricados a partir de 1º de janeiro) custa, em média, 15% a mais do que um modelo da geração anterior. Já o litro do S-50 sai cerca de 8% mais caro. Há, ainda, a necessidade de abastecer o veículo com um produto à base de ureia, o Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla-32), responsável por “purificar” a combustão. Somado a isso, os empresários estão receosos com relação à distribuição do combustível.
Desconfiados, a solução dos transportadores foi mudar o cronograma de renovação da frota. Dos 250 caminhões da Tora Logística, 50 seriam trocados no início do ano. “Vamos esperar até meados de abril, quando a tecnologia e a distribuição do diesel S-50 estiver melhor instituída no Estado”, diz o diretor financeiro da Tora, Antônio Luis da Silva Júnior.
Ele afirma que já testou um veículo da nova geração e aprovou o desempenho. No entanto, para concretizar o investimento, que não foi informado, deverá haver a garantia de que a rede de postos estará preparada para o abastecimento da frota. “O caminhão fabricado a partir do dia 1º de janeiro perde potência com o diesel comum”, comenta.
No caso da Malibu Transportes, cuja frota é composta por 40 caminhões, a estratégia foi antecipar para o fim do ano passado a aquisição de dez veículos, que seriam comprados neste ano. Outros dez caminhões que já estavam encomendados, conforme a diretora financeira, Isabel Martins, estão em compasso de espera. “Ainda não sabemos se vamos comprá-los. Queremos saber como o mercado reage antes”, afirma.
A situação é parecida na Coopmetro, cooperativa de transporte da Região Metropolitana de Belo Horizonte que soma cerca de 200 cooperados. Segundo o diretor financeiro, Reginaldo Luciano Batista, associados que irão renovar a frota neste ano darão preferência aos veículos fabricados em 2011. “É uma resistência natural. Com o tempo, a migração para a nova tecnologia será intensa”, prevê.
Na avaliação do presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, a distribuição do S-50 no país não será um problema. “Os postos preparados para oferecer o combustível estão localizados a 100 quilômetros de distância uns dos outros, no máximo. A autonomia dos caminhões é bastante superior”, defende.
Em Minas Gerais, cerca de cem postos da Petrobras já oferecem o combustível. A maioria também vende o Arla-32. Em Belo Horizonte, dois comercializam o S-50. Ao todo, 1.300 postos no país oferecem o produto.
Apesar de Vaz garantir que a malha de abastecimento nacional é suficiente, ele afirma, sem mensurar valores, que a venda do diesel S-50, neste mês, está abaixo das expectativas.
Além do receio dos empresários, o presidente do Sindicom estima que as promoções realizadas pelas concessionárias de veículos pesados para desovar os estoques de 2011 estejam contribuindo para o baixo desempenho. “Quando os estoques acabarem, será inevitável a aquisição dos modelos novos. Os transportadores entenderão o quanto os veículos da nova geração são melhores. Estamos falando de tecnologia de ponta”, diz.
Hoje em Dia/ MG