DIÁRIO DE CUIABÁ: Alta no diesel supera previsão da Petrobras
O litro do óleo diesel está cerca de 8% mais caro nos postos de combustíveis de Cuiabá e Várzea Grande. A elevação ganhou força ontem com o recebimento de novos carregamentos do produto, mas ainda havia postos com o preço antigo, cerca de R$ 2,27. Em média, o produto custa agora R$ 2,45, majoração de R$ 0,18 por litro. A elevação que chega às bombas é decorrente de um reajuste anunciado há cerca de dez dias pela Petrobras, o terceiro em um intervalo inferior a 30 dias. Em meados de julho a estatal confirmou a elevação de 6% do preço nas refinarias e a expectativa era de que na ponta houvesse um impacto de cerca de 4%. Na capital mato-grossense, por exemplo, a acomodação das altas sobre os custos com frete do produto representa o dobro do que se anunciou, 7,9% ante 4%. O preço final, no Estado, contabiliza custos das distribuidoras com o transporte, quanto mais distante da base de distribuição, mais caro fica o frete. O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo) fez uma consulta informal sobre o peso do frete no transporte dos combustíveis junto às distribuidoras e foi informado que em média, o frete sobre o litro representa entre R$ 0,10 a R$ 0,16 do valor do produto. PREOCUPAÇÃO - O Sindipetróleo explica que esta alta já vinha sendo aguardada desde o último dia 16, mas o repasse ganhou força nesta semana porque somente agora os postos estão recebendo o produto com preço novo. São cargas compradas há alguns dias. Está havendo muito atraso na entrega e certa dificuldade para se adquirir, principalmente, diesel junto às distribuidoras. No Mato Grosso do Sul, gasolina e óleo diesel já estão em falta em razão dos mesmos problemas apontados pela entidade que representa os revendedores no Estado. “Não há falta generalizada. O que pode ocorrer com um ou outro é uma falta pontual, coisa de horas, ou, de um dia para o outro, devido ao atraso logístico na entrega. Os motivos dessa demora é algo não esclarecido ao revendedor”, explica a assessoria. No último dia 14, o Sindipetróleo, por meio do seu presidente, Aldo Locatelli, externou a preocupação com os atrasos. Lá atrás se imaginava que a dificuldade em adquirir o diesel fosse pela demanda generalizada pelo litro sem reajuste, mas o novo preço chegou e os atrasos e entraves permanecem. “O posto quis comprar o diesel sem aumento para vender o produto sem aumento ao consumidor, por pelo menos mais uma semana, mas quase não foi possível”, conta. As vendas aos postos têm sido feitas numa espécie de cotas e a entrega que levava de 28 horas até dois dias, agora está ampliada de 36 horas para até três dias. Em função dessa nova logística imposta ao Estado, o próprio Locatelli ficou sem diesel em um posto que tem na cidade de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá). Para não impactar nas vendas, ele remanejou o produto de um posto para o outro. A única explicação até o momento para os atrasos e cotas repassadas por um distribuidor ao Sindicato, é que tudo está ligado ao preço do frete. Estaria havendo dificuldades de se negociar o preço do transporte e, portanto, de contratar o carregamento de combustíveis. Adequações às novas exigências da legislação do motorista é um dos motivos do aumento do custo do transporte. SEQUÊNCIA – A alta que se acomoda em cerca de 8% na Capital, é a terceira realizada no preço do diesel pela Petrobras entre junho e julho. Em 22 de junho, a estatal anunciou o aumento do preço da gasolina, de 7,83%, e do diesel, de 3,94%, a partir de 25 de junho. Mas ao mesmo tempo, o Ministério da Fazenda, anunciou a isenção na comercialização destes combustíveis da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), o que evitou o repasse ao consumidor. No entanto, outro reajuste impactou o preço final do óleo diesel: o realizado no início do mês no preço do biodiesel, que compõe na proporção de 5% o litro do combustível fóssil. A alta foi em decorrência dos maiores valores praticados para o biodiesel no 26º leilão do produto. Com isto, o reajuste no preço de custo do diesel já havia chegado a R$ 0,05 em diversas regiões brasileiras.
Diário de Cuiabá