Dilma cai para 36% de ótimo/bom e queda atinge até o combate ao desemprego
A avaliação positiva do governo Dilma Rousseff recuou para os mesmos níveis de setembro do ano passado, de acordo com a pesquisa CNI/Ibope. Dilma obteve 36% de conceitos bom e ótimo, uma queda de sete pontos em relação a novembro. A soma de conceitos ruim e péssimo ficou em um estágio intermediário entre os 31% que a reprovavam em julho passado, logo após a onda de manifestações, e os 20% de novembro. Dos 2.002 entrevistados, 27% rejeitaram sua administração.
A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria não sondou intenção de voto. Outra pesquisa do mesmo instituto, feita em campo idêntico (de 13 a 17 de março, com o mesmo número de entrevistas), foi publicada na semana passada, mostrando Dilma com 40%; Aécio Neves (PSDB) com 13% e Eduardo Campos (PSB) com 6%. Segundo o gerente de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca, a entidade não vai divulgar intenção de voto este ano.
Comparados, os levantamentos indicam que há um desgaste da imagem de Dilma que ainda não se transferiu para as preferências eleitorais. Pouco depois da divulgação da pesquisa, subiu o índice da Bovespa e caiu a cotação do dólar, sinais de satisfação no mercado. Na semana passada, rumores de que a pesquisa eleitoral do Ibope seria desfavorável ao governo já havia provocado alta na Bolsa e baixa no câmbio. A CNI é presidida por Robson Andrade, ex-presidente da Fiemg e próximo tanto ao ex-ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT), quanto ao senador Aécio Neves.
Um dado preocupante para o governo é que houve uma reversão do sentimento popular em relação a políticas que são emblemáticas das administrações petistas, como o combate à fome e a à pobreza e a manutenção de baixos índices de desocupação. No primeiro item, os pesquisados se dividem ao meio: 49% desaprovam e 48% aprovam. É a primeira vez desde dezembro de 2005 que as linhas se cruzam em relação a este item. Em março do ano passado, por exemplo, 64% dos pesquisados aprovavam o governo no tema. Também se consolida a mudança em relação ao combate ao desemprego, com 57% desaprovando a atuação de Dilma em relação ao assunto e 40% demonstrando satisfação. Há um ano, os percentuais eram inversos.
Notícias relacionadas a programas sociais do governo foram lembradas por 19% em setembro, quando a presidente lançou o programa "Mais Médicos". Agora foram citados por 6% e a atuação governamental na saúde é reprovada por 77% dos pesquisados. Medidas econômicas, recordadas por 8% em setembro, foram mencionadas agora por 1%. A desaprovação do combate à inflação passou de 63% para 71% entre novembro e março.
O noticiário sobre a Copa foi lembrado por 18% ante 4% em novembro. A presença da Copa no noticiário tende a crescer com a aproximação do evento, em junho. Já a lembrança dos protestos se esmaece. As menções oscilaram de 24% em novembro para 21%.
Para Fonseca, a aprovação converge para o índice de confiança do consumidor. Este levantamento já apontava preocupação com desemprego e uma deterioração geral das expectativas. Passada a primavera e o verão da recuperação presidencial, o núcleo de insatisfação a Dilma permanece o mesmo: 64% da população com renda familiar acima de 10 salários mínimos afirmam não confiar em Dilma, enquanto na faixa de renda inferior a um salário a situação se inverte: 61% confiam. O índice nacional de confiança ficou em 48%.
A soma dos conceitos ruim e péssimo para o governo atinge 32% nas capitais e cai para 21% nos municípios com menos de 20 mil habitantes. No Sudeste, 52% desaprovam o governo; no Nordeste, 64%. O índice nacional de aprovação ficou em 51%. A desaprovação atingiu 43%. Em novembro, a diferença era de vinte pontos: 56% de aprovação e 36% de desaprovação.
Da tribuna do Senado, o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) associou o resultado da pesquisa à subida, ocorrida ontem, nas ações da Eletrobras e da Petrobras. O tucano atribuiu a queda da popularidade "ao conjunto da obra".
Valor Econômico