Dilma diz que não há hipótese de Gabrielli deixar comando da Petrobras
A presidente Dilma Rousseff não pretende fazer qualquer mudança no comando da Petrobras, presidida por José Sérgio Gabrielli. A propósito das especulações de que ela estaria considerando colocar à frente da estatal petrolífera o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, conforme noticiou ontem O GLOBO, ela afirmou:
— Não tem a menor hipótese. Luciano Coutinho é muito bom no que faz e Sergio Gabrielli é muito bom no que faz.
Dilma questionou ainda a que interesses serviriam a veiculação desses rumores:
— A quem interessa a troca? Tem notícia? Quando eu acordo, pergunto: de onde será que veio?
Como O GLOBO informou ontem, fontes afirmam que Gabrielli teria sugerido recentemente que a prefeitura de Salvador, a ser disputada em 2012, faria parte de seu projeto político. Isso, ainda de acordo com esses relatos, teria desagradado a Dilma — que já se desentendeu no passado com o executivo, por exemplo na montagem do PAC, do qual a Petrobras é um dos principais motores.
Em conversa ontem com interlocutores, Gabrielli afirmou ter sido surpreendido pelos rumores de que Dilma teria a intenção de substituí-lo. Ele garantiu a políticos que o procuraram que não tem intenção de deixar o cargo para concorrer à prefeitura de Salvador, considerada problemática. Na Bahia, fontes próximas à administração estadual também descartaram essa hipótese.
O executivo, ligado ao PT, disse que jamais mencionou tal plataforma eleitoral a qualquer pessoa. Gabrielli afirmou em conversas, no entanto, que o cargo na Petrobras é da presidente e é ela quem decide.
Gabrielli é opção do PT para suceder Jaques Wagner
Gabrielli é considerado, sim, uma opção petista à sucessão do governador da Bahia, Jaques Wagner. Já especulou-se que poderia ficar metade do mandato de Dilma na Petrobras e depois ir para uma secretaria no governo baiano, a fim de viabilizar uma candidatura em 2014.
O presidente da Petrobras comentou que é “estranha insistência” dizerem que ele e Dilma não se gostam. Segundo interlocutores, Gabrielli argumentou que os dois são pessoas de personalidade forte, que podem divergir em alguns temas, mas que se admiram.
Em conversa telefônica informal, Gabrielli negou a Wagner que tenha pretensão de ser candidato a prefeito de Salvador.
Apesar dos desmentidos oficiais, fonte próxima às negociações políticas para os cargos do segundo escalão informou que Luciano Coutinho continua sendo um candidato à presidência da Petrobras. Mas que o assunto só voltará a ser tratado após 17 de fevereiro, quando haverá eleições para as presidências da Câmara e do Senado.
Os rumores da troca na presidência da Petrobras circularam ontem no mercado financeiro, mas, segundo analistas, não houve impacto na oscilação das ações. Petrobras PN (preferencial, sem direito a voto) avançou 2,76%, para R$ 27,90, enquanto a ordinária (ON, com voto) ganhou 3,18%, a R$ 31,47. A alta foi puxada pelo otimismo com o cenário externo da economia. A avaliação é que, se houver alguma influência nas ações, será negativa, já que uma mudança na administração nem sempre é vista com bons olhos.
— Os rumores da saída de Gabrielli e da chegada de Coutinho circularam no mercado. Isso não ajudou nem desfavoreceu os papéis — disse o economista-chefe da Legan Asset Management, Fausto Gouveia. Analistas do setor acreditam que não é o melhor momento para uma alteração no comando da companhia. Lucas Brendler, da Geração Futuro, diz que uma mudança pode modificar a prioridade dos projetos ligados ao pré-sal, atrasando o cronograma de investimentos. Mesma opinião tem Erick Hood, da SLW.
— Apesar de a empresa ter tido bom desempenho nos últimos anos, os resultados ficaram abaixo das metas. É o caso da produção, que ficará em dois milhões de barris por dia, contra expectativa de 2,100 milhões diários — destaca Brendler.
Hood destaca ainda que os gastos e as despesas da estatal têm se mantido acima das expectativas. Por outro lado, a empresa mostrou forte crescimento desde 2003, quando registrou lucro líquido de R$ 18 bilhões. Para este ano, é esperado ganho de R$ 33 bilhões.
O Globo