Distribuidora volta atrás e fornecimento é normalizado em GO
Postos de combustíveis de Goiás devem trabalhar com um estoque próximo da normalidade a partir de hoje, garante o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Goiás (Sindiposto-GO). Isso porque a base compartilhada das distribuidoras (pool), administrada pela Petrobras, no Jardim Novo Mundo, em Goiânia, voltou a adotar desde a noite de quarta-feira o procedimento antigo de carregamento, acelerando a distribuição de gasolina e diesel.
As novas regras previstas pela Resolução de número 44 da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que tornou obrigatória a coleta de amostra dos caminhões para análise, elevando o tempo de carregamento de três horas para até 48 horas e afetando o abastecimento dos postos nos últimos dias, foram deixadas de lado para diminuir a fila de caminhões à espera de combustíveis.
Embora haja divergências do horário exato em que a distribuidora voltou a operar no sistema antigo (entre 18 horas e meia-noite de quarta-feira), com a adoção das medidas previstas pela resolução da ANP, desde o último fim de semana, o intervalo estava inviabilizando o abastecimento dos postos de combustíveis em tempo hábil. Estabelecimentos de Goiânia e do interior do Estado chegaram a ficar, pontualmente, sem combustíveis conforme revelado ontem pelo O POPULAR.
Segundo o diretor do Sindiposto-GO, Gustavo Faria, os estoques estão, paulatinamente, voltando ao normal. “Amanhã de manhã (hoje), muitos postos já estarão com combustíveis”, diz. Ele calcula, entretanto, que os níveis dos tanques de todos os postos de combustíveis estarão cheios no sábado. Ontem, postos da capital registraram falta de gasolina novamente, pelo segundo dia seguido.
NORMALIZAÇÃO
O motorista Donizete Mariano Borges, responsável pela entrega de combustível em Goiânia, afirma que ontem foi a primeira vez na semana em que conseguiu fazer três carregamentos diários. “De segunda até quarta-feira tinha conseguido fazer somente uma entrega”, diz. O mesmo ocorreu com o motorista Edimilson Ferreira da Silva. Ele conta que ontem entregaria 45 mil litros de combustíveis em postos de Goiânia, o triplo que conseguiu distribuir em dois dias úteis. “Essa semana foi muito difícil.”
Eles garantem que a adoção do método antigo é causa da normalização. De forma geral, os motoristas entrevistados pelo POPULAR dizem que a metodologia usada pool do Jardim Novo Mundo para atender as novas regras da ANP é causa na lentidão de fornecimento, registrada no início desta semana.
Os caminhões recém-carregados eram obrigados a dar quatro voltas no pátio com a adoção do novo procedimento. Como parâmetro, os motoristas comparam essa metodologia à utilizada na base de distribuição localizada em Senador Canedo (a segunda base de abastecimento de Goiás, de onde sai o combustível para postos de bandeira branca e para pessoas jurídicas).
“Lá eles estão fazendo a coleta da amostra após o caminhão ser carregado. Não é necessário dar voltinhas e nem ficar esperando”, diz Edimilson. Ele salienta que as novas regras também alteraram o tempo de carregamento na base de Senador Canedo. “Demora um pouco mais, mas o carregamento flui”, diz.
Conforme nota divulgada ontem em O POPULAR, tanto a ANP quanto o Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), demonstraram estranheza quanto ao tempo para homogeneização do composto. Em nota, a ANP diz que Resolução 44, não faz menção à necessidade de os caminhões circularem dentro das instalações das distribuidoras antes de transportarem o combustível para os postos que compraram o produto.
Por sua vez, o Sindicom afirmou em nota que a homogeneização do produto dura apenas cinco minutos, mas que o novo processo de amostragem tem agregado até 1h30 a mais para cada carregamento.
Outros pontos citados pelos motoristas dizem respeito à quantidade de funcionários e estrutura da base, que estaria bem abaixo da demanda. Esta informação é, inclusive, defendida por todos os motoristas consultados, que ainda acrescentam como fator negativo os poucos pontos de carregamento.
Melhora situação no Sudoeste
A situação começou a se normalizar no Sudoeste do Estado ontem. A liberação de caminhões carregados de combustível do pool do Jardim Novo Mundo, em Goiânia, trouxe alívio para os donos de postos da região. Embora ainda exista apreensão em relação a novos atrasos, os empresários apostam numa normalização gradativa da situação.
Gerente de duas unidades do Auto Posto Bandeirante, em Rio Verde, Leosvaldo Neves Dias, conta que, apesar dos atrasos, não chegou a faltar combustível nas bombas. “Tivemos atraso em quatro entregas nesta semana, mas felizmente o estoque foi suficiente para a demanda”, afirma. De acordo com ele, as informações repassadas por assessores em Goiânia davam conta de que até a próxima semana o acúmulo de caminhões-tanque no pátio já estaria superado.
Em Santa Helena de Goiás, também no Sudoeste do Estado, os postos tornaram a receber, ainda que parcialmente, as entregas que estavam atrasadas. “Só não ficamos sem combustível porque tínhamos feito a compra antecipada e recebido antes desse problema”, conta Rizzia Karla Dutra, gerente do Auto Posto Planalto.
ANP diz que vai fiscalizar mudanças
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) diz que vai fiscalizar o (des)cumprimento da nova resolução de número 44 em Goiás e que os agentes que não cumprem as determinações estarão sujeitos às punições previstas na Lei 9.847/99 (que define parâmetros para a fiscalização das atividades relativas ao abastecimento de combustíveis e prevê, como sanção, multas).
Por meio de nota, a ANP diz que a coleta da amostra-testemunha do combustível comercializado é importante ferramenta para proteger os direitos do consumidor. Essa prática permite rastrear em que ponto da cadeia do abastecimento ocorre a adulteração de combustíveis.
“A ANP está atenta ao mercado, cumprindo sua atribuição legal de garantir o abastecimento nacional. Não há, no momento, desabastecimento. A Resolução ANP nº 44/13 foi, por mais de um ano, amplamente discutida com o mercado antes de ser publicada. Além disso, as distribuidoras tiveram um prazo de 120 dias para se adequar à resolução. O prazo inicial era de 90 dias e foi prorrogado pela ANP a pedido do mercado”.
TEOR
A assessoria da estatal ainda destaca que a Resolução ANP nº 44/13 estabelece somente a obrigatoriedade de fornecimento, pelas distribuidoras aos postos, de uma amostra-testemunha de combustível de cada compartimento do caminhão-tanque.
A resolução, esclarece o comunicado oficial, não mudou nenhum procedimento de abastecimento de caminhões nas distribuidoras nem prevê a necessidade de os caminhões circularem dentro das instalações das distribuidoras antes de transportarem o combustível.
A distribuidoras, por sua vez, destacara a pontualidade do problema. A assessoria de imprensa do Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) informou que, em função de ser uma tomada de decisão pontual, não tem gerência sobre o problema listado.
O Popular/GO