Em reunião na Fiesp, Unica ataca impostos cobrados sobre o etanol
O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, criticou na manhã desta segunda-feira (6) a quase paridade entre os impostos que incidem sobre o etanol hidratado e a gasolina na bomba. A análise foi feita durante a 45ª reunião do Conselho Superior do Agronegócio (Consea) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para Jank, essa elevada carga tributária faz com que o consumidor acabe optando pela gasolina na hora de abastecer o carro, o que torna o etanol cada vez menos competitivo, apesar de eliminar 90% das emissões em relação ao combustível derivado de petróleo.
“Estamos passando por um momento de dificuldade, consequência da redução dos investimentos em novos canaviais, desde a crise de 2008. Nossos canaviais estão produzindo 70 toneladas por hectare, bem abaixo das 86 toneladas de média histórica as quais estamos acostumados. Enquanto isso, o governo vem reduzindo a Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] sobre a gasolina para segurar o preço do produto na bomba. Isso é um absurdo. Sem maior transparência de preços sobre os derivados de petróleo, fica difícil concorrer”, analisou.
Estudo
Jank trouxe estudos da Unica demonstrando que apenas em São Paulo existe diferença tributária razoável entre gasolina e etanol para o consumidor. No restante do Brasil, essa diferença é mínima. “Se considerarmos a menor eficiência energética do etanol, de 30% em relação à gasolina, é possível verificarmos impostos maiores sobre o etanol que sobre a gasolina, por quilômetro rodado, em grande parte do país.”
Marcos Jank lembrou a importância do setor para a economia brasileira e falou das perspectivas de investimentos para os próximos anos. “Iniciamos este ano muito mais animados do que no ano passado, especialmente em função da abertura do mercado norte-americano, que deixou de sobretaxar o etanol brasileiro. Sonhamos com isso por mais de 30 anos e agora virou realidade. Essa é uma medida que veio pra ficar. As perspectivas de exportação e também de crescimento do mercado interno, com o aumento da participação dos carros flex na frota nacional, são animadoras”, disse.
Para fazer frente a esses desafios, a Unica projeta que o País terá de dobrar a produção de cana até 2020. Hoje, a cana-de-açúcar emprega 1,2 milhão de trabalhadores, representa 18% da matriz energética nacional, cresceu em média 10% ao ano nos últimos dez anos e representa 20% da produção e da exportação mundial de etanol, que no Brasil atende à 50% da frota de veículos leves, formada por carros flex. Quando transformada em açúcar, a cana brasileira ocupa impressionantes 50% do mercado mundial do produto.
“Hoje, a cana-de-açúcar é matéria-prima de etanol, açúcar e energia elétrica, mas já temos diversas outras aplicações em processo acelerado de maturação para a segunda geração que se avizinha. Com o etanol celulósico, haverá transformação nas indústrias de plásticos, biodiesel, cosméticos, químicos, além do aproveitamento crescente da palha e do bagaço.”, concluiu Jank.
Fonte: Portal Fiesp