Especialistas criticam interferência do governo no mercado de combustíveis
Em 31 de agosto, quando passou a vigorar a nova metodologia de cálculo do diesel, estabelecida pela Resolução ANP n° 743, que impactou em reajuste de 13% nos custos do produto nas refinarias da Petrobrás, os preços dos combustíveis no país estiveram no centro das discussões no seminário “Precificação dos Combustíveis”, promovido pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a Plural.
Representantes da cadeia e especialistas do setor de combustíveis, que participaram dos painéis, consideraram um retrocesso a intervenção do governo federal com a implantação do subsídio do diesel e o tabelamento do frete, medidas tomadas a partir da greve dos caminhoneiros.
Leonardo Gadotti, presidente da Plural, foi um dos palestrantes que criticou a condução do governo, pois no panorama atual, dificilmente o Brasil atrairá investimentos. “Só teremos um país melhor amanhã, se decisões corretas foram tomadas hoje. Precisamos de investimentos e não se atrai por meio de fórmulas e intervenção, pelo contrário, isso afugenta investidores e atrasa o Brasil”, disse.
Ricardo Mussa, vice-presidente de Logistica da Raízen, destacou que a intervenção do governo, colocando preços de referência para o diesel, medida implementada pela ANP, inviabiliza a importação para o setor privado. Na mesma linha, Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), destacou que a medida favorece as importações para a Petrobras, uma vez que os preços de referência não refletem a realidade do mercado e desestimulam a concorrência pelas importadoras privadas.
Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) destacou que o governo deveria continuar melhorando o que tinha sido implementado em 2016, com a nova política de preços da Petrobras, que passou a acompanhar a cotação de preços no mercado internacional, mas o país retrocedeu a partir da greve dos caminhoneiros, que “de maneira infeliz o governo comete a barbeiragem com o programa de subvenção do diesel”. Na visão do analista, tem havido um excesso de intervenção regulatória pela ANP, que ao invés de promover a competitividade, o efeito pode ser o contrário ao intervir no livre mercado. “Se a ANP concentrasse seu esforço em acompanhar se a Petrobras está praticando preços em linha ou acima da paridade internacional e não abusando do seu poder de monopólio e, além disso, trabalhasse firme na regulação e na fiscalização de práticas não convencionais, já seria o suficiente para o mercado brasileiro entrar em uma trajetória de competitividade”, disse.
Asssessoria de Comunicação da Fecombustíveis