Etanol cai quase 10% na BM&F

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A maioria das commodities agrícolas negociadas no mercado futuro de São Paulo registrou queda em abril. Segundo levantamento do Valor Data baseado nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), etanol, milho e café sofreram fortes recuos, enquanto soja e boi gordo apresentaram ganhos.
 
A maior variação ficou por conta do etanol. O preço médio dos contratos de segunda posição de entrega (normalmente, os de maior liquidez) cedeu 9,5% em relação à média apurada em fevereiro, para 1.154,45 por metro cúbico. A queda decorre do início da colheita e moagem de cana no Centro-Sul do país, que responde por 90% da produção brasileira de açúcar e álcool.
 
A tendência é que a pressão sobre essas commodities continue nos próximos meses. Com o resultado de abril, o etanol passou a acumular queda de quase 10,3% em relação à média de dezembro, embora na comparação com abril do ano passado a alta ainda alcance 8,8%.
 
O milho recuou 4,8% em relação à média de março, para R$ 25,25 por saca, acompanhando de perto o comportamento do mercado internacional. A commodity tem sido pressionada pela colheita da safra 2011/12 no Brasil e na Argentina, ainda que esta tenha sido prejudicada pela seca provocada pelo La Niña, e pelo avanço do plantio da safra 2012/13 nos EUA. A expectativa é que os americanos dediquem ao grão a maior área de cultivo desde 1944. A média do mês passado foi 2,9% menor que a de dezembro e 14,4% inferior a de abril de 2011.
 
Já a média dos futuros do café caiu pelo sétimo mês consecutivo na BM&FBovespa. Em abril, o preço médio da saca de 60 quilos ficou em US$ 230,59, uma desvalorização de 4,7% sobre março. Com isso, a matéria-prima acumulou perdas de 23% na comparação com a média de dezembro e de 36,2% sobre abril do ano passado. O mercado de café tem antecipado os efeitos do que promete ser uma produção recorde na safra que o Brasil começará a colher nas próximas semanas (2012/13).
 
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o país deverá colher entre 48,9 milhões e 52,2 milhões de sacas na temporada, um aumento de 12,6% a 20,2% em relação a 2011/12, mas participantes do mercado acreditam que a produção poder ser maior. Em maio, a Conab divulga sua nova estimativa. Por outro lado, o café entra em um período de incertezas climáticas, com a crescente ameaça de geadas sobre os cafezais mineiros nos próximos meses. Por isso, a possibilidade de uma correção nos preços da commodity já a partir de maio não é desprezível.
 
Na outra ponta, os futuros do boi gordo interromperam a tendência de queda observada nos quatro meses anteriores, período em que os preços mergulharam para o menor nível em 17 meses, e subiram 1,5% na comparação com a média de março, para R$ 95,80 por arroba. Tradicionalmente, março é um período de queda na oferta de bois para abate, o que ajudou a sustentar as cotações. O grande destaque de alta foi a soja, cujo preço médio saltou 6,8% em abril na comparação com março, para R$ 32,43 a saca e passou a acumular ganhos de 23,4% sobre dezembro e de 6,5% sobre abril de 2011. Em linha com o mercado internacional, a soja têm sido impulsionada pela quebra da produção sul-americana, combinada com uma demanda aquecida por parte, principalmente, da China.
 
Valor Econômico