Falta alimento e preço do petróleo dispara

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A crise dos últimos sete dias já começa a estrangular a economia do Egito, com filas em supermercados se proliferando e os primeiros registros de falta de produtos básicos. Exportadores de todo o mundo temem ainda a paralisação do estratégico Canal de Suez, por onde passa grande parte do abastecimento de petróleo para Europa, EUA e América Latina. Ontem, o preço do barril de petróleo no mercado internacional chegou a US$ 101 pela primeira vez desde 2008.

Por dia, investidores e mesmo a elite econômica do Egito está retirando do país cerca de US$ 500 milhões, segundo uma fonte do Banco Central. No centro do Cairo, centenas de lojas permanecem fechadas. Alimentos como arroz, pão e feijão começaram a faltar nos supermercados. Na região de Tahrir, havia filas de até uma hora para entrar em um supermercado. Cada cliente tentava levar o que podia para abastecer sua casa. “Fiquei mais de uma hora para abastecer minha geladeira”, afirmou Fátima, mãe de quatro garotos.

Numa padaria, o anúncio de falta de pão deu início a um tumulto. Mais de 30 pessoas que esperavam do lado de fora foram embora de mãos vazias. Na rua ao lado, o padeiro optou por levar toda sua loja para a calçada. Nour comprou o que ele acreditava ser suficiente para alimentar seus cinco netos que estão em sua casa, enquanto os pais foram para a rua protestar. Espero que isso seja suficiente para a semana, disse o avô de 74 anos.

Moradores do Cairo também começaram a sentir a falta de combustível. Em postos de gasolina, filas de um quilômetro se formaram. Já precário, o transporte público quase parou.

Ontem, a agencia Moddy’s rebaixou o Egito em sua avaliação de risco, recomendando a investidores que não coloquem suas fichas no país. A bolsa de valores do Cairo já havia caído 16% na semana passada e permanece fechada. Mesmo assim, a crise fez a bolsa de Dubai despencar em 4,5% ontem. Duas das maiores fábricas de carros do país fecharam as portas.

Cairo teme que os protestos custem ao Egito mais que todo o impacto da crise financeira de 2008. Ontem, Mubarak nomeou seu novo ministro das Finanças e o ordenou a adotar uma estratégia para garantir a estabilidade dos preços de alimentos e a criação de postos de trabalho. A mensagem tinha como objetivo acalmar a população. Mas de nada serviu.

O Estado de S. Paulo