Falta de consenso adia decisão sobre reajuste dos combustíveis

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A Petrobras adiou para a próxima semana a decisão sobre a nova política de reajustes dos combustíveis. A reunião do conselho de administração da estatal, que aconteceria amanhã, foi transferida para o próximo dia 28 ou 29, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que preside o colegiado. O motivo, de acordo com fontes da área econômica, é que ainda não há acordo entre o governo e a estatal sobre os detalhes da metodologia a ser adotada para os reajustes. Em vez de aumentos automáticos, conforme quer a empresa, o Ministério da Fazenda defende a adoção de um sistema de amortecimento que evite o repasse integral e imediato de eventuais choques da cotação internacional do petróleo para o índice de preços — uma espécie de banda. 
 
— A preocupação é não transferir a volatilidade, o choque de preço do petróleo, para a inflação, criando uma sistemática de amortecimento. Se o barril sobe 50%, por exemplo, você não precisa reajustar os combustíveis no mesmo patamar, ou se cair 30%, reduzir preços em 30% — explicou um interlocutor.
 
Ao ser perguntado sobre o motivo do adiamento, Mantega se limitou a dizer:
 
— Aperfeiçoar as matérias que estão em pauta. 
 
Segundo interlocutores, o governo estaria decidido a autorizar a Petrobras a reajustar o preço da gasolina em até 7%, ainda em dezembro, mas quer diluir ao máximo o impacto da correção na inflação. A presidente da estatal, Graça Foster, queria um aumento de 12% para repor a defasagem dos combustíveis em relação ao mercado internacional, mas não vai levar. A nova fórmula, que cria gatilhos, dentro de um sistema de bandas, entrará em vigor em 2014.
 
A forma como a Petrobras anunciou a nova metodologia, como se o mecanismo já estivesse pronto e aprovado, desagradou ao ministro. Ele manifestou seu desconforto ao alertar para o risco de uma indexação de preços. Mas, nos bastidores, já há um entendimento de que empresa precisa de uma nova política de preços, para ter previsibilidade, ainda mais diante da necessidade de investimentos elevados, com o pré-sal.
O Globo