Fecombustíveis mantém posicionamento sobre biodiesel
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) esclareceu em nota hoje (30) que não alterou seu posicionamento em relação à elevação do percentual de biodiesel adicionado ao diesel, ao contrário do que sugere a nota “Aprobio quer selo de qualidade da ANP para usinas de biodiesel”, divulgada pela assessoria de imprensa da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio).
“Não somos contra o Programa de Biodiesel, mas defendemos que qualquer mudança no percentual da mistura só pode ser adotada quando forem solucionados os problemas de qualidade que hoje atingem o biodiesel. Do jeito que está, o produto deteriora a qualidade do diesel e traz prejuízos a postos e consumidores”, explica Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis. “É imprescindível alterar a especificação do produto e ter maior controle ao longo da cadeia. Só quando houver garantia de que os atuais problemas de qualidade foram resolvidos, é que podemos avançar com segurança na elevação do percentual. Caso contrário, corre-se o risco de a imagem do biodiesel ser comprometida de forma irreversível”, alerta.
Desde a introdução do biodiesel, revenda e distribuição têm percebido maior acúmulo de resíduos em filtros e tanques, o que se agravou com a elevação do percentual para 5%, o chamado B5, em janeiro de 2010. Além da necessidade de trocas mais frequentes de elementos filtrantes e de limpeza dos tanques, os postos passaram a receber reclamações de clientes sobre a qualidade do diesel.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai realizar audiência pública no dia 16 de fevereiro sobre a mudança na especificação do biodiesel. Um dos pontos mais polêmicos é a proposta de alteração na quantidade de água permitida no biocombustível, que passaria do índice atual de 500 partes por milhão (ppm) para 200 ppm, mesmo patamar exigido pelo S10, diesel de baixo teor de enxofre que será comercializado a partir de janeiro de 2013.
“A quantidade de água está entre as principais causas da formação de borra em tanques e filtros e o problema só tende a se agravar com a chegada do S10, um diesel altamente sensível e com menos poder bactericida, devido à menor concentração de enxofre. Os produtores têm resistido a essa mudança, mas ela é fundamental para que a imagem do biodiesel não fique associada a um produto de má qualidade, como temos a impressão atualmente”, enfatiza Paulo Miranda Soares.
A Federação representa os interesses de cerca de 38 mil postos de serviços que atuam em todo o território nacional, 370 TRRs e 44 mil revendedores de GLP, além do mercado de lubrificantes.