Gás natural produzido no país pode ficar até 29% mais caro em fevereiro

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O gás natural de produção nacional, usado na geração de energia térmica e pelas indústrias, pode ficar até 29,2% mais caro a partir de fevereiro. Isso elevaria o preço do metro cúbico vendido às distribuidoras para R$ 0,8821 - o equivalente a US$ 12,87 por milhão de BTU -, descontando impostos. A estimativa é da Abrace, associação dos grandes consumidores industriais e livres de energia, com base nas condições estabelecidas nos contratos entre Petrobras e distribuidoras.

O cálculo da Abrace leva em conta o custo do insumo, caso a Petrobras retome a aplicação integral, aos preços do gás, da variação da cesta de óleos e do real em relação ao dólar. O comportamento dessas variáveis no trimestre passado teria um impacto de 5,2% sobre os preços do gás. O restante do aumento é relativo aos reajustes que deixaram de ser aplicados nos trimestres anteriores, quando a Petrobras optou pelo congelamento de preços.

"Com isso, a própria Petrobras tem demonstrado que entende como inadequada a atual política de indexação direta do custo do combustível ao de energéticos concorrentes", avalia o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa.

A expectativa da entidade é que a Petrobras mantenha o procedimento de não aplicar o reajuste e, no "médio prazo", seja definida uma nova política tarifária. Pedrosa acredita que o aumento das reservas e da produção nacional de gás, além do impacto de reajustes na competitividade das indústrias, deve criar "um campo favorável para a reversão das distorções e para ajustes no custo final do gás".

Se a Petrobras não tivesse, na prática, congelado os preços, a aplicação da fórmula em vigor teria levado a aumentos, respectivamente, de 10,7% em maio, de 6,4% em agosto e de 3,8% em novembro de 2011. A estatal deve divulgar, ainda nesta semana, o preço válido para o trimestre que vai de fevereiro a abril de 2012.

Já o gás boliviano, incluindo o transporte pelo gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), deverá ser reajustado em 1,59% em janeiro, segundo a Abrace. Com isso, passaria a US$ 10,69 por milhão de BTU, inferior ao gás nacional.

O reajuste do gás natural boliviano também é feito trimestralmente e leva em consideração uma cesta de óleos, cujo preço apresentou ligeira queda recentemente. No entanto, essa variação negativa não foi forte o suficiente para reduzir o preço, uma vez que sua formação também considera a cotação da cesta de óleos ao longo de todo o ano.

Valor Econômico - 23/01/2012