Gasolina deve subir 5%, diz ata do BC

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Pela primeira vez, um órgão do governo divulga oficialmente uma previsão de quanto os consumidores devem pagar a mais pelo litro da gasolina este ano. O Banco Central (BC) informou que trabalha com uma alta "em torno" de 5% no preço do combustível em 2013. Na semana passada, fontes oficiais disseram ao 'Estado' que está em estudo um reajuste de 7% na refinaria. Para reduzir o impacto ao consumidor, no futuro, haveria mudanças na quantidade de etanol misturado à gasolina e benefícios tributários para o setor.
 
A nova projeção foi expressa na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem. No documento, o BC estima ainda um corte de 11% na conta de energia residencial este ano. Essa expectativa leva em conta a redução de taxas do setor anunciada pela presidente Dilma Rousseff, mas considera o efeito dos reajustes que são feito todos os anos pelas concessionárias. Isso comerá parte do benefício.
 
No fim das contas, a previsão do BC é que as tarifas e preços controlados pelo governo subam 3% neste ano, acima dos 2,4% que a instituição projetava anteriormente. Com isso, a previsão geral para a inflação neste ano também subiu e continua acima do centro da meta de 4,5%.
 
Na ata, a instituição diz que a inflação apresentou piora, mas pondera que essas pressões são temporárias. O BC admite que o aumento de preços é mais generalizado, ou seja, não está concentrado apenas em alguns produtos. Também pesam mudanças tributárias (como o aumento do IPI para veículos), despesas de início de ano e pressões no segmento de transportes. Esses fatores "tendem a contribuir para que, no curto prazo, a inflação se mostre resistente".
 
Como o BC prevê queda na in­flação a partir do segundo semestre, a instituição afirmou que a estratégia continua sendo a manutenção da taxa básica de juros nos atuais 7,25% ao ano "por um período de tempo suficientemente prolongado".
 
Outro motivo para não mexer nos juros é a avaliação de que a demanda doméstica ainda continuará a ser impulsionada pelo efeito dos cortes dejuros promovidos ao longo de 2012 e pela expansão do crédito, segundo o BC, apesar da "fragilidade do investimento". Além disso, a instituição diz que a crise externa continua contribuindo para segurar a demanda.
 
 
Lavando as mãos. O BC sinalizou que também não está nos seus planos fazer novos cortes de juros neste momento, mesmo com a economia brasileira crescendo menos que o esperado. De acordo com a instituição, o problema do crescimento não está na falta de demanda.
 
"O ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica menos intenso do que se antecipava  se deve essencialmente a limitações no campo da oferta", diz a ata. Esses "impedimentos", segundo o BC, não podem ser resolvidos com novos cortes de juros, "instrumento" de controle da demanda.
 
"O BC quis dizer que, se a economia não cresce, é por causa da oferta, pois os investimentos não avançam. É como se dissesse que "o problema não é com a gente, porque nós fazemos a nossa parte", disse o diretor de pesquisa da Nomura para a América Latina, Tony Volpon.
 
Para o economista-chefe da MCM Consultores, Fernando Genta, a principal mensagem da ata é que os juros ficarão estáveis até o fim do ano. "Quem estava esperando novas quedas de juros neste ano, esqueça. O BC já fez o que estava ao seu alcance para estimular a demanda", afirmou. "Por outro lado, o BC também disse para quem espera altas da Selic em breve que isso não vai ocorrer."
 
 O Estado de S. Paulo