Governo controla, mas combustível encarece no posto

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A Petrobras não reajusta os preços dos combustíveis automotivos desde o início deste ano, mas, no varejo, a gasolina e o óleo diesel estão mais caros. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a receita dos postos de combustíveis cresceu quase o dobro do volume de litros vendidos, em setembro, comparado a igual mês do ano passado. 
 
A receita dos revendedores subiu 8,6%, enquanto o volume de vendas avançou 4,2%. A diferença está na inflação, afirma a pesquisadora do IBGE, Aliciana Gusmão. O reajuste dos preços ocorrido no mês foge do controle da estatal ou do governo. Ele ocorre na distribuição e revenda do combustível, segmentos do mercado livres da interferência estatal.
 
No acumulado deste ano até setembro, a gasolina acumula alta de 1,74% e o óleo diesel, de 9,82%. Já o etanol ficou 2,97% mais barato, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
 
A alta dos preços dos combustíveis, contudo, não é suficiente para inibir o consumo, diz Aliciana. Ela acredita que a desaceleração do volume comercializado de agosto a setembro — no primeiro mês a venda cresceu 5,4% e no segundo, 4,2% — reflete mais a alta dos preços dos alimentos do que a dos combustíveis em si. 
 
“Em geral, os preços não têm influência tão direta sobre as vendas de combustíveis. O que está acontecendo é que, com a alta dos preços dos alimentos, as famílias são obrigadas a escolher as prioridades de consumo e a cortar supérfluos. As pessoas abdicam da compra de outros produtos, como o combustível”, ressalta Aliciana. 
 
Além disso, a inflação dos combustíveis neste ano é inferior à média da inflação geral, destaca a pesquisadora. Esse é, em sua opinião, mais um motivo para que a opção pelo produto não seja diretamente influenciada pela sua variação de preços. 
 
O último reajuste da gasolina e do diesel foi concedido pela Petrobras no dia 30 de janeiro. O litro da gasolina vendida nas refinarias ficou 6,6% mais cara e o óleo diesel, 5,4%. No mês passado, a presidente da estatal, Graça Foster, sinalizou para a necessidade de novo reajuste de preços para recompor o caixa da empresa. Brasil Econômico