Governo tem até agosto para definir aumento do etanol na gasolina
O governo terá que decidir até agosto se amplia ou não o percentual de mistura do etanol na gasolina, de 25% para 27,5%. Depois desse prazo as usinas estarão com sua produção comprometida e não teriam mais como se preparar operacionalmente, alertou o diretor da Sociedade Corretora de Álcool (SCA), Martinho Ono.
"O volume extra teria que vir da cana que, a princípio, está reservada para a oferta de açúcar", esclareceu.
Proposto pela Unica, o aumento do percentual do etanol tem dois objetivos principais: auxiliar o caixa da Petrobras, comprometido com a importação de gasolina; e impulsionar as vendas do setor sucroenergético, em crise.
Elizabeth Farina, presidente da Unica, reforçou a opinião de Martinho Ono. Segundo a executiva, a depender de quando o governo se posicionar efetivamente sobre a proposta, a aplicação de mais etanol à gasolina só poderá ser colocada em prática a partir da safra 2015/2016.
Foi montado um grupo de estudo interministerial, com participação da Anfavea e do Inmetro, para estudar, do ponto de vista técnico, se o aumento da mistura afetaria os motores. Extraoficialmente, as montadoras já ventilaram uma posição contrária à medida, argumentando que a medida pode prejudicar veículos cujos motores usam exclusivamente gasolina.
Assimetria
À espera de outros incentivos ao setor, a Unica passou a endurecer sua postura. De acordo com a associação, houve agravamento do perfil de muitas usinas de menor porte. Sem capital de giro, essas unidades estão empenhando toda a receita que arrecadam, seja com despesas operacionais, seja com salários.
“Enquanto o Ministério da Fazenda se prontifica a atender de imediato o setor automotivo porque há risco de dispensa de mão-de-obra, nós perdemos, nada mais, nada menos, do que 30 mil empregos nos últimos cinco anos”, compara Farina.
A executiva ressalva que, de positivo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior está interessado em avaliar um estudo técnico proposto para melhorar a eficiência dos motores flex fuel, como forma de aumentar a competitividade do etanol frente à gasolina. Proporcionalmente ao preço, o combustível fóssil rende mais.
Energia Hoje