Hillary: oportunidades fenomenais na AL

em

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou ontem que a aproximação com a América Latina é uma oportunidade que os Estados Unidos não podem perder, em um momento em que precisa recuperar sua economia e gerar empregos para os americanos. Em um discurso destinado a estabelecer o tom da viagem do presidente Barack Obama a Brasil, Chile e El Salvador — mas também a convencer o público interno da necessidade da ida dele em meio às crises do Japão e da Líbia e à votação do Orçamento no Congresso —, Hillary disse que “a geografia importa” e que os EUA precisam investir na parceria com os vizinhos.


— A geografia importa: é uma vantagem competitiva se a abraçamos, e a negligenciamos mediante risco para nós mesmos. Não podemos abrir mão dessa vantagem agora, temos que agarrar as oportunidades fenomenais que temos na região.


A secretária de Estado voltou várias vezes ao tema:


— Se você não estiver na arena, construindo relações, investindo nelas, de forma contínua, vai descobrir que outros estão fazendo, entraram para fazer exatamente isso — disse Hillary, em referência velada à crescente influência da China na região.


Hillary falou do interesse americano em participar da exploração do petróleo do pré-sal e das obras que serão feitas na preparação para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.


— Não há dúvida de que, quando as obras de construção e a perfuração (do petróleo) começarem, empresas americanas estarão lá. Nossa segurança energética depende desse continente. O Brasil se tornará grande fornecedor de petróleo para nós graças a suas recentes descobertas em águas profundas.


A chefe da diplomacia americana destacou o crescimento da classe média no continente.


— Não são apenas as economias asiáticas que estão ajudando na recuperação global, mas também as dos nossos vizinhos da América Latina. Exportamos três vezes mais para a América Latina do que para a China, mas não há muitos americanos que saibam disso — disse Hillary.


O foco do discurso foi explicar por que a América Latina interessa hoje aos EUA como área de integração econômica, cooperação em assuntos de segurança e promoção da democracia. Hillary disse que não se pode deixar as catástrofes dominarem a agenda, porque se perde a visão estratégica, e justificou a viagem de Obama mesmo em meio às crises no Japão e na Líbia e às dificuldades para aprovar o Orçamento no Congresso.


— A realidade da América Latina hoje é de um amplo compromisso com a democracia, de líderes pragmáticos que ajudam a transformar uma região antes problemática em economias e sociedades dinâmicas no século XXI, uma história de novos atores na arena global — disse Hillary.

O Globo