Importação de etanol americano passou a ser escape de rotina
De acordo com o analista de mercado Renato Dias, a importação de etanol dos EUA já é uma realidade, sendo que alguns volumes já foram contratados para entrega em janeiro de 2014. "Esses volumes começarão a entrar em janeiro, e a chuva na entressafra, no Centro-Sul, não é um fator determinante para a necessidade de importação de etanol dos Estados Unidos como muitos acreditam", explica.
Com produção na casa dos 34 milhões de toneladas de açúcar no Centro-Sul, com pouco mais de 25 bilhões de litros de etanol anidro e hidratado até dezembro, Dias diz que pela programação das usinas, ainda que as condições climáticas sejam favoráveis, o Brasil não conseguiria produzir a quantidade necessária para suprir a demanda interna. "Vamos imaginar que o volume de chuvas não prejudique a produção da entressafra e conseguíssemos atingir esse número, ainda assim teríamos um estoque \'apertado\' neste período". Para ele, o problema é que os analistas levam em consideração apenas o fator das chuvas, que já são esperadas para essa época do ano. "O fator mais importante, que é a demanda doméstica por cana-de-açúcar, não é levado em consideração. Em 2013 esta demanda aumentou consideravelmente. Houve também um aumento da demanda por combustíveis, com o aumento da mistura no começo do ano, com grande impacto no mercado. Projetando um consumo para os próximos meses da safra e entressafra e até mesmo a produção calculada pela Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, os estoques ficariam abaixo do que a ANP pede" diz. Dias, acrescenta a isto, o fato do galão de etanol americano ser competitivo principalmente nesta época do ano, quando os preços internos tendem a ficar mais altos e consegue-se um cenário propício para a importação lucrativa. "Num cenário onde tudo dá certo, sem problemas no porto, por exemplo, o Brasil consegue lucrar com a importação na entressafra, com o etanol americano chegando ao país mais barato que o preço do nacional, ao custo de 2 dólares por galão", disse. Entretanto, o analista prevê que o fato não prejudicará o produtor brasileiro. "Não serão volumes absurdamente grandes. Serão importações pontuais, para cumprir com os estoques exigidos e a demanda doméstica, ou seja, não será uma quantidade que penalize o setor, em torno de 500 milhões de litros de etanol anidro", finaliza.
Jornal Cana