Importações e etanol caro freiam vendas de carros flex

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A disparada nas importações de automóveis e os altos preços do etanol levaram o consumidor brasileiro a comprar menos carros flex no ano passado, fenômeno que acontece pela primeira vez desde o lançamento do motor bicombustível no País, em 2003. O preço mais baixo dos importados, movidos somente a gasolina, falou mais alto na hora da compra.

Como resultado, a fatia dos veículos flex no total de licenciamentos feitos no ano passado caiu para 83%, menor porcentual em cinco anos. Os motores que rodam a álcool ou gasolina continuaram respondendo pela maioria absoluta das vendas, porque 95% dos carros que saem das fábricas instaladas no País usam a tecnologia. Sinônimo de inovação nacional, o veículo flex caiu rapidamente no gosto do brasileiro quando os preços do etanol eram convidativos.

Em 2003, quando foi lançado, os flex eram apenas 4% das vendas, atingindo metade dos licenciamentos em apenas dois anos. Em 2008, a tecnologia ultrapassou a marca de 80%. Em outras palavras, a tecnologia que foi vedete do mercado no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva patinou no primeiro ano de sua sucessora Dilma Rousseff, segundo vendedores ouvidos pelo Estado.

"Existia esse diferencial de preço, era vantajoso e o cliente pedia e reclamava quando não achava, até porque a tecnologia é nossa", avaliou Emílio Carlos Freitas de Souza, supervisor da Abolição Veículos, do Rio de Janeiro. "Agora que não há mais desvantagem a questão principal é a opção pelo importado mesmo."

Regulador. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram licenciados 2,85 milhões de carros flex no ano passado, quantidade 1% inferior aos 2,88 milhões emplacados em 2010.

Na mesma comparação, os automóveis movidos somente a gasolina aumentaram em 34%. Segundo a Anfavea, desde o lançamento do motor flex em março de 2003 foram vendidos 15,3 milhões de unidades, o que representa 40% da frota nacional.

"O flex, em si, é um regulador de mercado, o consumidor tem a possibilidade de escolher o combustível de sua conveniência," afirmou Ademar Cantero, diretor de Relações Institucionais da Anfavea, em e-mail enviado à reportagem.

"A estabilidade de preços e a disponibilidade do combustível, assim como de qualquer outro produto, são fundamentais para o usuário do etanol e devem ser perseguidas políticas estruturais que permitam adequada correspondência entre produção e mercado do combustível."

Desvantagem. De acordo com especialistas, o uso do etanol deixa de ser vantajoso em relação à gasolina quando o preço do derivado da cana-de-açúcar representa mais de 70% do valor da gasolina. A relação entre o valor médio do etanol e o preço médio da gasolina alcançou o nível médio de 70,82% em janeiro em São Paulo, segundo o IPC/Fipe.

O Estado de S. Paulo