Indústria deve investir em produção de etanol celulósico
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (SindaçúcarPE) dará hoje o pontapé inicial para pesquisas acerca da utilização do bagaço da cana-de-açúcar para a produção de etanol celulósico. O estudo científico será realizado em parceria com as empresas Biologicus e Claeff que, a partir das 16h30, na sede do Sindaçúcar-PE, no Bairro do Recife, apresentarão seus projetos sobre o plano de conversão. Se colocado em prática, o processo poderá aumentar em até 35% a produtividade do etanol e, com isso, baratear o combustível. “Temos a demanda em Pernambuco e buscamos parceiros que nos ofereçam a tecnologia para encontrar enzimas que permitam a quebra do lignocelulose (conjunto de macromoléculas que fazem parte da estrutura de resistência da planta) para produzir sacarose e fermentar o etanol”, explicou o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha. A extração do combustível por meio da matéria prima ainda não existe no mundo. Nos Estados Unidos, os investimentos sobre o assunto chegam a 500 milhões de dólares. No Brasil, as pesquisas com maior relevância estão sendo realizadas na Universidade de São Paulo (USP). Em Alagoas, o processo já está mais avançado, onde está sendo construída a primeira usina brasileira para geração de etanol celulósico, com capacidade de produção de 80 milhões de litros de etanol a partir do bagaço. A operação da unidade deve iniciar ainda neste ano. O custo-benefício dessa produção ainda é alto justamente pela falta dessas enzimas. Atualmente, a fermentação do combustível é feita apenas com o caldo da cana-de-açúcar. Ainda de acordo com Renato Cunha, a medida é extremamente benéfica para o setor, pois começará a “fazer mais com o mesmo”. “O bagaço da cana é uma biomassa nobre e precisamos ter outras iniciativas para otimizar o seu uso,que hoje basicamente é destinado para a alimentação animal e a bioeletricidade”, complementou. O processo pelo bagaço da cana também permitirá que a produção seja verticalizada. “Dentro da mesma área teremos maior extração de matéria-prima e, com isso, o aumento da produtividade”, garantiu o presidente do Sindaçúcar-PE. Por sua vez, haverá menos perdas para o setor sucroenergético e a inovação do processo industrial com o mesmo potencial produtivo. Ainda estarão presentes na palestra de hoje o primeiro vicepresidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, o reitor da Universidade Estadual de Pernambuco (UPE), Carlos Calado, representantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e empresas associadas ao Sindaçúcar-PE.
Etanol celulósico evitará perdas