Libra abre temporada

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A indústria sucroalcooleira de Mato Grosso prepara-se para dar o pontapé da safra 10/11 com o início do processo de moagem da cana-de-açúcar, previsto para segunda quinzena deste mês, seguindo até novembro. A usina Libra, em São José do Rio Claro (315 quilômetros ao médio norte de Cuiabá), será a primeira a dar a largada no Estado, devendo processar entre 600 mil e 800 mil toneladas. A partir do dia 1º de abril outras usinas entrarão em operação, como as gigantes Itamarati e Brenco, responsáveis por 50% de toda a moagem de cana, em Mato Grosso, e no decorrer do mês, as 12 plantas já deverão estar trabalhando.


Com a chegada da Brenco, a área plantada deverá ter um incremento de 10%, passando de 200 mil hectares para 220 mil hectares na atual safra. As usinas terão de contratar mais trabalhadores. Nos canaviais e na indústria, o incremento do quadro será de 10,34%, com o número de trabalhadores passando de 14,5 mil para 16 mil. A produção deverá avançar de 13,88 milhões de toneladas de cana para 15,10 milhões de toneladas, incremento de 8,79%.


A exemplo de 2010, este ano a safra mato-grossense será mais “alcooleira” do que “açucareira”, na proporção de 73% para o etanol e, 27%, para o açúcar.


Segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), Jorge dos Santos, mesmo que os preços do açúcar se mantenham atrativos durante a safra, a tendência é de que a maior parte da cana-de-açúcar seja processada para a fabricação de etanol. “Por enquanto ainda não podemos pensar em inverter a situação [produzir mais açúcar do que etanol], mesmo porque a nossa logística não permite o escoamento do açúcar”, sustenta.


Ele disse que ainda é cedo para falar sobre a qualidade da matéria-prima nesta safra. “Só após o início da colheita é que poderemos avaliar o teor de sacarose da cana e dizer se a safra foi mais produtiva ou não”.


Na avaliação do consultor técnico Oswaldo Alonso, a qualidade da cana-de-açúcar deverá repetir neste ano o desempenho de 2010. Se a qualidade, ou produtividade, for mantida, aliviará as perdas decorrentes da estiagem prolongada de 2010.


BRASIL - Já as usinas da região Centro-Sul do país terão 24 milhões de toneladas a menos. No total, a principal região produtora de açúcar e de etanol do país deverá moer 557 milhões de toneladas, contra 580 milhões de toneladas processadas na safra de 2010. A queda na oferta se deve à seca do ano passado, que afetou a maturação das plantas. Mas essa perda poderá ser compensada pela produtividade. Segundo os especialistas, a planta cultivada no primeiro semestre de 2010, e disponível na safra prestes a ser iniciada, mantém as qualificações da cana moída do ano passado.


Com preços melhores tanto para etanol quanto para açúcar, os usineiros esperam uma boa safra, enquanto os consumidores, proprietários de veículos, ficam na expectativa de que os preços do etanol (álcool hidratado) diminua nas bombas dos postos.


PREÇOS - "Tudo indica que os preços deverão cair, como ocorreu nos últimos anos", diz o executivo do Sindálcool. Na Grande Cuiabá, os preços do etanol chegaram no final da semana no seu nível mais alto desde 2007. Os preços saltaram, em média, 4,54% em todos os postos revendedores, passando de R$ 1,98 para R$ 2,07.


Jorge dos Santos afirmou desconhecer os motivos da alta para o consumidor, lembrando que o estoque de etanol “continua firme” nas usinas, porém, sem revelar o volume acumulado.


Os postos revendedores alegam que apenas repassaram a alta das distribuidoras. Mas acreditam que a queda de preços aos consumidores será progressiva, “à medida que a nova colheita seja processada”.

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