Mais um ano difícil para o comércio

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O Estado de S.Paulo (Editorial econômico)
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Medido pela confiança do comércio, este está sendo o pior início do ano em toda a série, iniciada em 2011, da pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre as expectativas dos empresários do setor. Em maio, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 1,2% em relação a abril, na quinta queda mensal consecutiva. No ano, a redução é de 13,71%. É um claro indicador de que o ambiente para negócios no varejo se deteriora continuamente.

O relatório refere-se à “conjuntura econômica complexa com inflação e desemprego, dentre outros problemas”, que vem corroendo a confiança do empresário do comércio neste ano. Os dois problemas citados são realmente preocupantes, pois o combate a um deles pode agravar o outro.

A alta dos juros, iniciada pelo Banco Central para combater a aceleração inflacionária que se observa há algum tempo, deve se estender ao longo do ano. Isso encarece os financiamentos que estimulam os investimentos e o consumo. Investimentos e consumo mais caros, de sua parte, tendem a reduzir o crescimento da economia e, assim, a desestimular a geração de empregos, agravando o segundo problema.

Mas esta é uma parte do conjunto de problemas. Há efeitos sobre a atividade econômica das medidas de restrição exigidas pelo combate à pandemia, entre as quais o fechamento temporário de atividades comerciais e a impossibilidade de prestação de determinados serviços. O impacto de decisões como essas tomadas por autoridades de diversas regiões do País ainda não apareceu inteiramente nos resultados já conhecidos do comércio e dos serviços.

É um ambiente que desestimula compras presenciais, especialmente nos ambientes em que o risco de contaminação é maior. E a vacinação caminha em ritmo lento e não há garantia de fornecimento de vacinas na velocidade e na quantidade necessárias para imunização da população no nível adequado para a normalização das atividades econômicas e sociais.

Tudo isso reduz a confiança do consumidor, afeta as vendas e contamina as expectativas dos empresários.

Os efeitos de medidas de apoio às empresas, como o Pronampe e as destinadas a proteger empregos e a aliviar a pressão sobre o caixa das empresas, melhorariam o quadro, mas eles ainda são aguardados.