Mato Grosso e outros três estados concentram produção de biodiesel
A produção de biodiesel pelos quatro estados considerados maiores produtores nacionais somou 5,86 bilhões de litros entre 2008 e 2011, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Juntos, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo concentram 82% da produção do biocombustível. A oferta de matéria-prima disponibilizada para a fabricação do item colaborou para tornar a produção centralizada no país, aponta o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Somente nos quatro estados, a produção de soja - uma das principais fontes para o biodiesel - supera a casa de 40 milhões de toneladas. "A concentração já era esperada pela soja, como em Mato Grosso, estado que mais produz [a oleaginosa]. Não é surpresa. Surpresa é o fato de não se ter desenvolvido matéria-prima que ganhasse mercado, como na agricultura familiar", alertou Gesmar Santos, técnico em Planejamento e Pesquisa do Ipea.
Os custos de produção para fabricar o biodiesel ainda são considerados desafios a serem superados. "Como na indústria, quem pode produzir vai adiante. Mas é difícil. Para isso, é preciso ter incentivo como no futuro a entrada de novas matérias-primas, dispêndio econômico, tributação isentada", acrescentou ainda o técnico do Ipea.
No país, o governo argumenta estar reduzindo as alíquotas de tributos (Cide, IPI, Pis/Pasep, Cofins) e disponibilizado crédito com menor custo financeiro aos produtores, além de subsídios que cobrem o custo mais alto do biocombustível em relação ao diesel, para estimular a produção de biodiesel.
Mas para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, atualmente a ´conta não tem fechado´ quando o assunto em pauta é fomentar a produção do biocombustível. Segundo ele, os custos estão maiores para transformar, por exemplo, a soja em biodiesel do que em relação ao próprio óleo utilizado no consumo humano.
O cenário tem desestimulado o produtor a investir nesta nova vertente econômica. "A conta não fecha. Não é vantagem trabalhar [com o biocombustível]. É preciso achar outra forma de matéria-prima", destacou Prado, em entrevista a o G1.
Desafio
Se para a agricultura empresarial a produção de biodiesel já se mostra um desafio, o pesquisador do Ipea destaca que é preciso ´redesenhar´ o sistema produtivo do biocombustível e fomentar também outras cadeias, como a da agricultura familiar. Nos dias atuais, somente 1% de toda matéria-prima usada para a fabricação advém da agriculutura familiar.
"Para a agricultura familiar ter renda com a produção de biodiesel não é preciso que produza 30% da matéria-prima. Se produzir 15% com diversificação, com incentivos é possível. Mas a mesma agricultura tem problemas adicionais, como a quantidade de terras disponíveis que é pequena. Há a baixa capacitação", finalizou o pesquisador do Instituto.
Portal G1