Mercadante quer novo marco do pré-sal

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Pelos cálculos do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, sua pasta perderia, já em 2011, R$ 900 milhões, caso as regras para distribuição dos royalties do petróleo fossem alteradas. As projeções feitas para os próximos dez anos somam perdas ainda maiores, de R$ 12,2 bilhões. O ministro, que participou ontem no Rio do segundo dia do XXIII Fórum Nacional, está convencido de que alguns políticos “não têm uma visão de longo prazo” para a aplicação dos royalties do petróleo. A favor de uma distribuição de recursos menos concentrada em estados e municípios, ele defende que o país copie modelos que estão dando certo, como é o caso da Noruega, e não os que estão dando errado, como o da Venezuela.

Mercadante defendeu a aplicação majoritária dos recursos arrecadados com royalties em investimentos em educação, ciência e tecnologia. Segundo ele, “somente dessa forma o Brasil poderá dar um salto de qualidade nessas áreas, que são importantes para promover o desenvolvimento”.

Defensor da criação de um fundo soberano para alocar os recursos oriundos do pré-sal, Mercadante também se disse favorável à transformação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em um banco público de inovação. Segundo ele, essa seria uma forma de acabar com alguns gargalos. Só o setor de fármacos, por exemplo, convive com um déficit de US$ 6,4 bilhões em investimentos.

Orçamento da Finep multiplicado por dez

Concordando com a análise de Mercadante, o presidente da Finep, Glauco Arbix, também presente ao encontro, disse que é necessário alavancar os recursos do órgão.

— Em 2010, a Finep financiou R$ 4 bilhões em projetos. Para os próximos dez anos, seria necessário multiplicar por dez o orçamento do órgão, pulando para algo como R$ 40 bilhões — afirmou Arbix.

Segundo o presidente da Finep, há necessidade de o país aplicar ao menos 30% dos investimentos globais nas áreas de ciência e tecnologia. Enquanto em países como os Estados Unidos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento giram em torno de US$ 400 bilhões, no Brasil esse montante não passou de US$ 24,2 bilhões em 2009.

Há um consenso no governo de que os setores público e privado precisam se unir nessa empreitada. Tanto assim que Mercadante e Arbix defenderam uma maior inserção do setor privado em projetos de inovação tecnológica.

O Globo