Moagem de cana avança e preços do etanol desabam

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A aceleração da colheita de cana em regiões do Centro-Sul, diretamente influenciada pelo clima mais seco, ajudou a derrubar os preços do etanol combustível no país na semana passada. "Tivemos problema no início de safra com chuva (...) Agora o tempo ficou mais firme e a produção se normalizou", afirmou Mirian Bacchi, pesquisadora do Cepea/Esalq/USP.

O etanol hidratado, utilizado diretamente nos tanques dos automóveis, inclusive os flex, era negociado, na semana passada, a R$ 1,06 por litro nas usinas de São Paulo, sem incluir custos de frete ou impostos, com quedas de 20% em relação à semana anterior e de quase 35% na comparação com o pico alcançado na última semana de março, de acordo com o Cepea.
No caso do anidro, que é misturado à gasolina, pagou-se na semana passada nas usinas paulistas, em média, R$ 1,88 o litro, em baixa de aproximadamente 21% sobre a semana anterior e 31% abaixo do nível recorde de meados de abril.

Com os preços sem precedentes alcançados durante a entressafra de cana no Centro-Sul, que alimentaram a inflação e geraram preocupações quanto ao desabastecimento do combustível em algumas regiões do país, o governo editou uma medida provisória tornando o etanol estratégico e passou a avaliar medidas para garantir a oferta no futuro com menores oscilações.

O baixo rendimento dos canaviais até agora, principalmente devido a uma longa estiagem em 2010, também contribuiu para o lento início da temporada, de acordo com a Unica, entidade que representa as usinas do Centro-Sul. Nos últimos meses, foi a vez da chuva atrapalhar a colheita, mas com a melhora diversos grupos estão acelerando a moagem, especialmente aqueles que precisam de caixa depois da entressafra.

"Algumas unidades precisam de dinheiro para pagar tributos e salários", disse Mirian Bacchi. Ela lembrou que, no atual patamar, o etanol hidratado volta a ser competitivo em relação à gasolina.

Valor Econômico