OGX, de Eike, produzirá 10% do gás do país
A OGX, braço de petróleo e gás do grupo de Eike Batista, informou ontem ter apresentado à Agência Nacional do Petróleo (ANP) as declarações de comercialidade das áreas de Califórnia e Fazenda São José, localizadas na Bacia do Parnaíba (MA). Foi a primeira vez que a empresa — fundada em 2007 — anunciou a declaração de comercialidade de algum de seus ativos. Na prática, isso quer dizer que os campos são viáveis do ponto de vista comercial. Juntos, eles vão produzir 5,7 milhões de metros cúbicos de gás por dia, cerca de 10% da produção nacional atual, a partir de 2013.
O anúncio impulsionou as ações da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis ordinários da OGX (ON, com direito a voto) subiram 7,80%, para R$ 14,92, a maior alta do Ibovespa, índice que reúne as empresas mais negociadas da Bolsa. No ano, no entanto, a ação ainda acumula queda de 25,40%.
— O mercado já tinha sacrificado em excesso as ações da OGX (com a revisão, pela certificadora internacional D&M, das estimativas de reservas para a Bacia de Campos, no Rio, divulgadas há algumas semanas) e já havia uma expectativa de valorização à medida que a empresa trouxesse novas informações. E foi isso o que ocorreu — apontou o analista da Planner Corretora Henrique Ribas.
Os planos de desenvolvimento das duas áreas foram submetidos à ANP e estão sendo analisados. Uma vez aprovados, elas serão denominadas campo de Gavião Azul e campo de Gavião Real. É praxe batizar campos terrestres com nomes de aves da fauna brasileira.
O gás será preferencialmente destinado às usinas termelétricas que serão construídas pela MPX Energia, outra empresa do grupo de Eike, em associação com a Petra Energia. A MPX já tem Licença de Instalação (LI) para geração de 1.863 megawatts (MW) e iniciou o processo de licenciamento ambiental para o desenvolvimento de 1.859 MW adicionais na região.
Os campos pertencem à OGX Maranhão, subsidiária do grupo na qual a OGX detém 66,67% e a MPX, 33,33%. Ao todo, são sete blocos que ocupam área de 21.500 km² no interior do Maranhão. Relatório da consultoria D&M divulgado há algumas semanas indicou que a região tem potencial de reservas de 56 trilhões de pés cúbicos de gás, ou duas vezes as reservas bolivianas, segundo a OGX.
A companhia também informou ontem que identificou a presença de hidrocarbonetos — petróleo ou gás — em dois poços no mesmo bloco em que estão localizados os futuros campos de Gavião Azul e Gavião Real.
A OGX tem um portfólio com 29 blocos exploratórios no Brasil, nas bacias de Campos, Santos, Espírito Santo, Pará-Maranhão e Parnaíba, além de cinco blocos exploratórios na Colômbia. A empresa dispõe de US$ 3,4 bilhões para investimentos em exploração, produção e novos negócios.
O Globo