Para compensar dólar, governo pode reduzir impostos

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou ontem que o governo poderá reduzir o Imposto de Importação de insumos como aço, fertilizantes e produtos químicos para conter a inflação. Ele explicou que a alta do dólar pode acabar encarecendo a importação de matérias-primas importantes para a indústria e pressionar ainda mais os preços no mercado brasileiro. A inflação acumulada em 12 meses fechados em junho atingiu 6,7%, superando o teto da meta fixada para o ano, de 6,5%.
 
— Na medida em que o câmbio sobe, podemos ter um preço mais elevado e não queremos isso por causa da inflação — disse Mantega.
 
Segundo ele, o Imposto de Importação de alguns insumos, como aço, foi elevado no ano passado para proteger o mercado brasileiro, que estava sendo prejudicado pela desvalorização do dólar. A queda da moeda americana na época tornava os importados mais competitivos que os nacionais. Agora, no entanto, o cenário é outro, pois o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), está sinalizando que vai retirar os estímulos à economia americana, o que deixou o dólar mais forte.
 
— Vamos observar o comportamento do dólar e eventualmente diminuir o Imposto de Importação proporcional à subida do dólar. Caso não venhamos a fazer isso, poderá haver pressão inflacionária e aumento de preços nos produtos com insumos básicos — afirmou Mantega.
 
CONCORRÊNCIA COM A CHINA PREOCUPA
 
Mas a redução do Imposto de Importação para segurar preços, no entanto, não é consenso na equipe econômica. No Ministério do Desenvolvimento e na própria Fazenda, há quem afirme que o tributo deveria ser usado para resolver problemas de desabastecimento, como ocorreu recentemente com produtos como o trigo e o feijão.
 
Além disso, a indústria siderúrgica, que seria uma das principais atingidas pela redução do imposto, tem feito apelos ao governo alegando que os preços dos produtos que estavam protegidos pela alíquota mais alta subiram pouco, cerca de 5%, e que a China, que é um forte concorrente para esse mercado, continua sendo competitiva mesmo com o dólar elevado.
 
O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Mello Lopes, disse que os representantes do setor estiveram na semana passada reunidos por duas horas com os ministros Mantega e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento. Segundo ele, foi feita uma exposição sobre a situação das indústrias siderúrgicas que operam, atualmente, com apenas 70% de sua capacidade instalada.
 
— Temos 30% de ociosidade e isso se deve à perda de competitividade pela questão cambial e tributária. O mercado internacional está com um excedente de 50 milhões de toneladas (de aço) e o movimento que o governo fez, meses atrás, subindo o Imposto de Importação, foi justamente para evitar um surto de importação maior do que vinha ocorrendo — disse ele. — Não acreditamos que o governo vai reduzir o Imposto de Importação — completou.
 
Os técnicos do Desenvolvimento defendem a imparcialidade:
 
— É preciso levar e conta outros fatores antes de tomar uma decisão. Um deles é a concorrência desleal com os chineses, por exemplo — disse um técnico do Desenvolvimento. O Globo 06/07/13