Petrobras justifica lucro menor em anúncio

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Em anúncio publicado ontem nos principais jornais, a Petrobras citou o Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) para justificar o lucro líquido menor do primeiro trimestre, de R$ 5,39 bilhões, o que significa queda de 30% na comparação com igual período do ano passado. O endividamento subiu 4% para R$ 229,6 bilhões. Segundo o anúncio, “sem o efeito do Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário, o lucro operacional seria de R$ 10 bilhões e o lucro líquido seria de R$ 7 bilhões neste primeiro trimestre de 2014, portanto em linha com os mesmos resultados do primeiro trimestre de 2013”. A empresa lembra ainda que 55% das demissões ocorrem neste ano, e as demais, até 2017. Em texto assinado pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, a empresa destaca que o plano de demissões representa o compromisso com o “aumento de eficiência, da produtividade e da disciplina de capital” que devem levar a empresa a resultados melhores e à geração de valor para os acionistas. A propaganda destaca aspectos operacionais do primeiro trimestre. Procurada, a Petrobras disse que “considera de seu dever manter a sociedade esclarecida sobre os fatos e dados relativos a suas atividades” e que, para isso, usa os meios de comunicação próprios e de terceiros. Os comunicados ganham destaque diante do cenário de escândalos em torno da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e às discussões sobre como foram feitas decisões de investimentos, como compra de ativos no exterior e altos gastos em novas unidades de refino. Em meio à queda na produção e à defasagem de preços dos derivados no mercado interno, a Petrobras ressalta em suas campanhas publicitárias as conquistas obtidas desde o ano passado. Os anúncios têm destacado as unidades de produção que estão entrando em operação e os sucessivos recordes de produção no pré-sal. — A Petrobras quis dizer que o resultado teria sido melhor não fosse seu programa de demissão voluntária. Ele fez o ganho ser menor, assim como a venda de ativos em 2013 ajudou no lucro. A questão é que o resultado foi muito ruim. Há dois aspectos. O primeiro é a queda de 2% na produção de petróleo no país entre janeiro e março (em relação ao trimestre anterior). A empresa sofre com a defasagem de preços de derivados em relação aos valores do mercado internacional — diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que estima a defasagem da gasolina em 17% e a do diesel, em 15%. David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), avalia que a estratégia da empresa é adequada: — A ideia de comunicar é positiva e é importante. Em qualquer companhia, esclarecer é positivo. Um publicitário que pediu para não ser identificado lembra que ninguém faz marketing para destacar escândalos. A estatal registrou geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda, de R$ 14,349 bilhões, queda de 12% em relação ao primeiro trimestre de 2013. Na mesma base de comparação, os investimentos subiram 4%, para R$ 20,584 bilhões.

O Globo